Como Muricy Ramalho volta ao São Paulo

Muricy Ramalho está de volta ao São Paulo. Mas, calma: ainda que as lembranças de um passado em que o clube foi tricampeão brasileiro sejam ótimas, este retorno não será para o cargo de treinador – seja porque Muricy precisou se aposentar como técnico, por razões de saúde, seja porque Fernando Diniz faz um excelente trabalho à frente do gigante do Morumbi nesta temporada.
O ex-comentarista do grupo Globo aceitou um convite para assumir um cargo na direção do São Paulo, feito por Julio Casares, eleito como novo presidente do Tricolor no último dia 12 de dezembro.
Em sua última participação no programa "Bem, Amigos!" como empregado do Grupo Globo, o ídolo são-paulino contou que, em sua nova função no clube, fará a ponte entre jogadores, comissão técnica e direção.
O ex-treinador também explicou que, para evitar especulações desnecessárias, colocará em seu contrato uma cláusula que o proíbe de assumir a função de técnico do São Paulo.
“Com certeza, se tem uma cláusula que vou pôr é essa. Para não ter dúvida. Futebol é muito sensível. Time tem um mau resultado, empata, e vão falar que Muricy está dando brecha. Não quero mais. Só falar não dá. Quero pôr no contrato, senão fica aquela coisa: Muricy está aí, até contratar um técnico você pega”, pontuou o novo coordenador de futebol do São Paulo.
"Por isso quero um projeto de preparar um técnico da casa. Que nem o Telê fez comigo. Meu papel é outro, é apoio à comissão técnica", completou
Muricy agora irá retornar ao Morumbi para exercer uma função inédita em sua longa – e vitoriosa – história dentro do São Paulo.
Como jogador, o então habilidoso meio-campista vestiu a camisa tricolor por quase toda a década de 1970. Entre 1973 e 1979, ajudou o clube a conquistar o Campeonato Paulista de 1975 e o Brasileirão de 1977 – embora não tenha sido um titular habitual na conquista nacional.
Como treinador, Muricy comandou o São Paulo em três passagens distintas. Na primeira, entre 1994 e 1997, foi auxiliar de Telê Santana e, depois, interino enquanto o comandante precisou deixar os gramados por razões de saúde. Neste período, conseguiu fazer com que uma espécie de “Time B” do clube, apelidado carinhosamente como Expressinho, conquistasse o título da Copa Conmebol em 1994.
Muricy voltou a treinar o São Paulo em 2006 e, até 2009, ajudou o clube a escrever o seu último grande auge através do tricampeonato brasileiro (2006, 07 e 08). Em 2013, voltou ao clube até a última despedida em 2015.
Com a eleição de Julio Casares, Muricy volta ao clube de coração para trabalhar como coordenador de futebol e terá a responsabilidade de conduzir a integração das categorias de base com o time principal. Quando treinador, Muricy não era conhecido por aproveitar bem os meninos de Cotia.
"Jogador hoje é muito caro, essa coisa de buscar jogador só para compor o grupo, não dá mais. Ele tem que ser parecido com o titular, ou acima da média. Para compor o grupo, vamos na base, e amadurecer alguém. Quando voltei em 2013, o time naquela situação, tinha quase 40 jogadores lá. Não dá para ser assim, tem que tomar cuidado nas contratações", destacou Muricy em sua despedida do 'SporTV'.
"O Diniz recuperou e lançou jogadores, teve alguns ajustes que teve fazer, o que é legal da parte dele. Não é momento, não tenho vaidade. Meu contrato é de três anos, tenho bastante tempo para trabalhar", acrescentou.
De qualquer forma, Muricy Ramalho agora completa uma trinca rara no Morumbi: jogador, treinador... e dirigente.