Como Volta Redonda virou o destino oficial do futebol 'suspenso' na pandemia

Durante esta última semana do mês de março, enquanto o Brasil vive o seu pior momento de mortes e contaminações por Covid-19, o futebol bate suas chuteiras contra o chão ao insistir que o “show não pode parar”. E após uma sucessão de eventos, a cidade de Volta Redonda, no interior do estado do Rio de Janeiro, será transformada na capital brasileira do futebol em meio aos recordes de óbitos causados pelo novo coronavírus.
O estádio Raulino de Oliveira, afinal de contas, receberá duas partidas do Corinthians em questão de dias, podendo ainda ser a casa do Palmeiras além de palco de outros dois jogos válidos pela Copa do Brasil. No espaço de cinco dias, até a próxima sexta-feira (26), a chamada “Cidade do Aço” pode receber até nove diferentes elencos de futebol em uma semana lotada de jogos válidos por Copa do Brasil e Campeonato Paulista.
Os jogos confirmados pela CBF para o estádio Raulino de Oliveira são:
Mirassol x Corinthians (Campeonato Paulista) – 21h de terça-feira (23). Porto Velho x Ferroviário (Copa do Brasil) – 15h30 de quinta-feira (25). Jaraguá x Manaus (Copa do Brasil) – 15h30 de sexta-feira (26). Corinthians x Retrô (Copa do Brasil) – 21h30 de sexta-feira (26).
A partida entre São Bento e Palmeiras, válida pelo Campeonato Paulista, é outra que pode ser confirmada para o meio desta semana em Volta Redonda. Isso porque, após a proibição, dentre outras coisas, das atividades esportivas no estado de São Paulo, a Federação Paulista de Futebol (FPF) tentou levar o duelo para Belo Horizonte até o governo de Minas Gerais proibir a realização de partidas de clubes de fora do estado mineiro em seus domínios.
Por que Volta Redonda?
Sem poder realizar partidas de futebol entre os dias 15 e 30 de março, a FPF mostrou-se contrária à proibição e passou a buscar lugares de fora do estado de São Paulo para realizar suas partidas. Minas Gerais, como explicado acima, foi um destino levado em consideração mas isso caiu por terra com a proibição dos jogos protagonizados por clubes não-mineiros.
O Rio de Janeiro também passou a ser uma opção a ser considerada. Entretanto, após reunião realizada nesta segunda-feira (22), as prefeituras dos municípios do Rio de Janeiro e Niterói decretaram uma série de medidas restritivas, que valerão entre os dias 26 de março até 4 de abril. Dentro destas medidas, está a proibição de partidas de futebol dentro de suas fronteiras. Ou seja, estádios como o Maracanã, Nilton Santos e São Januário – os principais de todo o estado – não poderão receber eventos esportivos.
Como o governo do Rio de Janeiro não tomou medida semelhante à das prefeituras de Rio e Niterói, existem municípios fluminenses que não foram proibidos de receberem eventos esportivos. Volta Redonda é um deles.
Vale lembrar que o estádio Raulino de Oliveira tradicionalmente foi considerado uma opção para receber jogos dos grandes do Rio de Janeiro quando estes não podiam usar Maracanã, Nilton Santos ou São Januário. A final da Taça Rio que decretou o título estadual do Botafogo em 2013, em clássico contra o Fluminense, aconteceu justamente no Raulino. Mas em um mundo sem pandemia.
Os jogos válidos pelo Campeonato Carioca até sexta-feira (26) foram mantidos e serão realizados, mas depois que o decreto restritivo de Rio e Niterói passarem a valer é possível imaginar que, até o dia 4 de abril, estádios de outros municípios fluminenses sejam utilizados caso o estadual no Rio de Janeiro também não seja interrompido. Sendo este o caso, é possível imaginar o Raulino de Oliveira voltando a aparecer como opção.
Ex-presidente do Volta Redonda morre de Covid
Importante destacar que o município de Volta Redonda, assim como praticamente todos os outros, não está com a pandemia de Covid controlada. Há pouco mais de uma semana, por exemplo, o ex-presidente do Volta Redonda FC, Maurício Monteiro, o popular “Porreca” faleceu em consequência do novo coronavírus. Ele tinha 70 anos e exercia o cargo de subprefeito do município.