Pré-temporada do Atlético de Madrid em Los Ángeles de San Rafael, a norte de Madrid. Todos os olhares apontados para o jovem português João Félix, contratado do Benfica por 126 milhões de euros. Discreto e sem muito alarde por parte da imprensa espanhola, outro reforço vindo de Portugal, por sua vez, aproveitava o período de treinos para surpreender: Felipe, comprado do Porto por 25 milhões de euros.
Inicialmente visto como reserva imediato da dupla Savic e Giménez, e tendo ainda que brigar por espaço com o também recém-chegado Mario Hermoso, ex-Espanyol, o zagueiro brasileiro começou por "comer quieto". Foi um dos jogadores que mais recebeu elogios da comissão técnica nos primeiros testes físicos.
Destacado internamente pela velocidade, força e impulsão, Felipe mesmo assim precisou conviver com o banco de suplentes no início da trajetória nos 'colchoneros'. Aceitou calado e, aos poucos, ganhou a confiança de Diego Simeone, que por diversas vezes usou-o como exemplo daquilo que é o comprometimento com a essência do clube.
"O Felipe surpreendeu-me muito. Não apenas a mim, também ao clube e aos torcedores do Atlético. Pensava que ia ser apenas mais um, mas demonstrou ter muito nível e que pode estar aqui tranquilamente conosco", enalteceu o volante Thomas Partey, ainda antes do arranque da temporada.
A primeira oportunidade num jogo oficial do ex-zagueiro de Bragantino e Corinthians entre os titulares aconteceu diante do Leganés, pela segunda rodada da La Liga, no fim de agosto. Teve uma atuação segura, ajudou a garantir a vitória magra por 1 a 0 e novamente deixou uma boa impressão.
Com as lesões dos companheiros na defesa, ora de Savic, ora de Giménez, Felipe assumiu de vez o lugar no time a partir do empate em 1 a 1 com o Valencia, na nona rodada, em outubro. Virou referência, não voltou mais para o banco de suplentes e, de quebra, chegou a ter uma incrível sequência de 21 partidas como titular, que só foi quebrada por causa de suspensão.
Hoje, entre os principais zagueiros à disposição de Simeone, o ex-corintiano é o que mais jogos fez até o momento: 21. Deixou para trás Hermoso (19), Savic (16) e Giménez (15). Na visão de muitos torcedores, o brasileiro é o que melhor tem suprido a ausência do ídolo Diego Godín, agora na Inter de Milão.
O rendimento de Felipe logicamente não tem passado despercebido aos olhos da seleção brasileira, onde já esteve em duas oportunidades (2016 e 2018). A pedido de Tite, o auxiliar Cléber Xavier foi acompanhar de perto os treinos do defensor de 30 anos – eles, vale lembrar, trabalharam juntos nos tempos de Corinthians.
Com a titularidade indiscutível no Atlético de Madrid e também a recente lesão de Rodrigo Caio no Flamengo, o camisa 28 dos 'colchoneros' já foi avisado que está praticamente garantido na lista de convocados para os dois primeiros jogos nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2022: contra Bolívia e Peru, nos dias 23 e 31 de março, respectivamente.