França se destaca com meio-campo forte , mas acima de tudo pela maturidade

Pouca idade não quer dizer imaturidade, assim como ser mais velho não é necessariamente sinônimo de experiência. A França demonstrou isso na conquista de seu segundo título mundial, após vitória por 4 a 2 sobre a Croácia.
Porque embora tenha sido a quarta seleção mais jovem a ter conquistado a glória máxima do futebol, com média de idade de 26 anos – mais velha apenas ao Brasil de 1958 (25 anos e 308 dias), 70 (25 e 70 dias) e ao Uruguai de 1950 (25 e 224 dias) –, demonstrou grande maturidade em campo.
Algo que fica muito bem simbolizado em Kylian Mbappé, eleito revelação do torneio e decisivo para o título com os quatro gols marcados. Um jogador que, apesar dos 19 anos, já foi semifinalista de Champions League com o Monaco e destaque de um milionário PSG. O camisa 10 foi quem mais encantou em uma seleção que só tinha um objetivo em mente: ganhar.
Jogar bonito é bom, mas a equipe treinada por Didier Deschamps só queria encontrar um motivo para esquecer a derrota na final da Eurocopa de 2016 sediada pelos franceses. A cura estava apenas no resultado final, e veio também para mostrar o peso da camisa ‘bleu’. Nos últimos 20 anos nenhuma seleção chegou tão longe em Mundiais: três finais e dois títulos.
Mas a história deste título começa a ser escrita com a difícil decisão de não demitir Deschamps após a Euro 2016. O capitão do título conquistado em 1998 também amadureceu com a derrota, e não titubeou para fazer mudanças em sua equipe após a estreia com vitória dura sobre a seleção da Austrália. Deu contornos de 4-2-3-1 ao 4-3-3 utilizado antes: trocou Dembélé pelo centroavante Olivier Giroud, e Matuidi deu mais segurança ao meio-campo no lugar de Tolisso.
Embora tenha sido motivo de piada por não ter balançado as redes, na primeira equipe campeã sem gols de seu centroavante titular, Giroud foi taticamente importante: iniciava a pressão na saída de bola adversária, também abrindo espaços para os avanços em velocidade de Mbappé e Griezmann – recuado a um papel de armador a partir do segundo jogo.
Assim como em 1998, quando os meias atrás do centroavante (no caso Djorkaeff e Zidane) representavam o grande perigo para o adversário. Mais semelhante ainda na força do meio-campo. Kanté, Matuidi e Pogba tiveram desempenho defensivo digno de grandes zagueiros, mas também eram vitais na transição rápida, vertical, quando a bola era recuperada. N’Golo Kanté foi a imagem do que seu treinador, Deschamps, havia sido vinte anos antes.
Campeã sem encantar, mas com muito talento e maturidade, a França não se destacou individualmente quanto outras seleções. Mas viu seus jogadores com excelentes números, um senso de equipe que deixa a sua marca na era do fetiche pela individualidade no futebol.
Maturidade, confiança no treinador, obsessão pelo resultado pavimentaram, fora de campo, o título francês. Dentro dos gramados, fizeram a diferença um meio-campo duríssimo aliado à velocidade de seus meias.