Por que Guardiola não venceu a Champions fora do Barça?

Todos sabem que Guardiola foi contratado pelo Manchester City para ganhar a Champions League. Mas até agora isso não aconteceu, e esse será sempre o argumento utilizado por seus críticos. A última vez que Pep levantou a orelhuda foi em 2011, e até hoje muitos insistem que ele não é capaz de vencê-la novamente sem Lionel Messi ao seu lado.
A história começou no Bayern de Munique, onde o treinador ficou por três anos, conquistando três vezes a Bundesliga e duas a Copa da Alemanha, mas não conseguiu vencer a Liga dos Campeões. O fato de seu antecessor, Jupp Heynckes, ter conquistado a competição europeia um ano antes de sua chegada, serviu apenas para aumentar o descontentamento com seu trabalho.
"Guardiola foi eliminado de três semifinais consecutivas da Liga dos Campeões e, pelos altos padrões do Bayern, isso é um fracasso", afirmou Ivica Olic, ex-atacante do Bayern.
Mas esse é um veredicto extremamente duro. A Champions League é um torneio extremamente difícil e apenas três técnicos na história foram campeões mais vezes do que Guardiola: Carlo Ancelotti, Bob Paisley e o adversário desta sexta-feira (07), Zinedine Zidane - se Pep vencer mais uma vez, ficará empatado com os três.
O técnico do City também tem um recorde extraordinário na competição, vencendo 20 dos 28 jogos eliminatórios que disputou contra os melhores da Europa, e só não conseguiu chegar às quartas de final uma vez nas últimas 10 temporadas.
Guardiola acredita que está dando azar na competição, e pessoas próximas a ele podem confirmar isso. Na UCL, a diferença entre sucesso e fracasso se resume em poucos detalhes.
Sua última temporada no Bayern mostra bem isso, quando o clube alemão foi eliminado pelo Atlético de Madrid nos gols fora de casa, após Muller perder um pênalti e Griezmann anotar um gol em posição bem duvidosa.
Com o City, na última temporada, a história se repetiu. O gol de Sterling, nos minutos finais da partida foi anulado pelo VAR, Llorente marcou um gol polêmico e Aguero perdeu um pênalti na primeira partida.
Um ano antes, quando o VAR ainda não era utilizado, Gabriel Jesus marcou um gol contra o Liverpool que foi anulado de modo equivocado e que poderia ter mudado a história do confronto.
Em sua primeira temporada com o Bayern, Pep foi eliminado pelo Real Madrid por um gol de diferença no placar agregado, mas a derrota por 4 a 0 em casa na partida de volta foi humilhante. No ano seguinte, eliminado com um 3 a 0 diante do Barcelona, em noite inspirada do trio MSN.
Em sua primeira Champions com o City, não conseguiu ser páreo para o jovem time do Monaco, com Kylian Mbappé e Bernardo Silva.
"Mais do que conceder um gol, é o modo como concedemos o gol. Quando eles são brilhantes e fazem uma boa ação, temos que aceitar. Mas a maioria deles eram gols que poderíamos ter evitado”, disse Guardiola sobre a partida contra o Real Madrid, nesta sexta.
“Se você comete erros nesta competição, será punido. Sabemos disso. Falamos sobre isso muitas vezes, não nesta semana, mas nos últimos anos, muitas vezes. Se queremos dar um passo em frente como equipe para estar perto de vencer esta competição, temos que ser melhores”.
Pep também sempre sofreu com equipes defensivas que jogam pelo contra-ataque, foi assim com a Inter de Mourinho e com o Atlético de Madrid de Simeone.
O espanhol também é criticado por “inventar” em jogos decisivos, como quando decidiu jogar sem De Bruyne contra o Tottenham, na temporada passada. Até mesmo Muller chegou a admitir que seu ex-treinador “pensa demais” em grandes jogos.
Nesta temporada, sua ideia de jogar sem Aguero a partida de ida contra o Real foi ousada, mas funcionou. Desde então, Guardiola teve cinco meses para preparar seu time para o segundo jogo, apesar de o Madrid ter se transformado neste período.
A decisão do CAS em retirar a punição do City dará um ingrediente a mais para a partida. Mas um novo episódio na história de Guardiola e do City começa a ser escrita a partir desta sexta-feira.