Palmeiras e CSA: uma viagem aos anos 90

O impasse na negociação dos direitos de transmissão entre Globo e Palmeiras levará as novas gerações, em especial as de novos palmeirenses, a uma viagem no tempo nesta quarta-feira, quando o Alviverde enfrenta o CSA, em Maceió, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. Estaremos de volta à "era do rádio" , algo que muitos desconhecem.

É o primeiro jogo "no escuro" da competição. Sem acordo com a principal emissora do país tanto para TV aberta, fechada ou pay-per-view, o Palmeiras, por enquanto, só será visto na TNT, por conta do acordo com a Turner , nos duelos contra Fortaleza, como no último domingo, Internacional, caso do próximo sábado, Santos, Athletico Paranaense, Bahia e Ceará, os outros clubes que venderam direitos de TV por assinatura para o mesmo grupo.

Este que vos escreve nasceu em 1982. Quem é da minha geração provavelmente começou a acompanhar futebol de 1988/89 em diante. Conhecemos o futebol e viramos torcedores nos anos 90, uma época de rádios fortes mesmo com as transmissões televisivas já perfeitamente estabelecidas, em especial na Globo e na Bandeirantes. Nos 90, surgiram os jogos na TV fechada, com SporTV e ESPN Brasil. Mas na grande maioria das vezes a única alternativa para o torcedor era o rádio.

Fazia parte da rotina do fanático por futebol ouvir o jogo com o rosto colado no aparelho. Ou com amigos ao redor do rádio. A imaginação de cada um "desenhava" os gols na cabeça ao som da narração de José Silvério, a maior referência que tenho nas transmissões do veículo. Demorava, e muito, para que pudéssemos confirmar na TV o quão real era nossa ideia sobre um lance. O comum em jogos da noite do meio de semana era só conseguir assistir a um gol no dia seguinte, no Globo Esporte.

Aos domingos, a TV Bandeirantes mandava ao ar jogos na íntegra, o famoso "VT completo", de noite, narrados como se fossem ao vivo. Meu pai muitas vezes me pedia para que eu não revelasse o placar do jogo, o qual havia escutado no rádio, para que ele pudesse ver o VT sem perder a emoção. Algo inimaginável nos dias de hoje, tempos de internet forte e smartphones.

Pois o feriado de 1º de maio de 2019 terá um pouco de anos 90, guardadas as devidas proporções, algumas delas que jogam contra o torcedor, aliás. Há mais de 20 anos, as rádios eram economicamente fortes e podiam marcar presença em estádios, mesmo distantes, para a realização de transmissões. Hoje, poucas podem. As rádios Transamérica e Bandeirantes, de São Paulo, estarão com equipes completas em Alagoas. 

A falta de TV impacta, para quem não sabe, na própria imprensa. É da TV que rádios, jornais e sites dependeriam em casos específicos como o de CSA x Palmeiras. Sem transmissão e quase todos "sem viagem", eles também ficarão no escuro, como os palmeirenses, para a realização de suas reportagens. Numa era em que até a Série C é transmitida pela internet, com o DAZN , que chegou a ter 430 mil visualizações no YouTube no duelo Santa Cruz 2x2 Treze , pela primeira rodada, o atual campeão brasileiro jogará sem televisão nenhuma.

É claro que os gols estarão sendo gravados, inclusive pelos celulares de quem estiver no Rei Pelé. Com certeza você não vai precisar esperar o Globo Esporte de quinta para ver os gols da partida, mas também não será tão simples achá-los na rede com uma busca comum. Mas pode acompanhar em um bom minuto a minuto, o famoso tempo real, por exemplo...