“Virar um novo Milan” deixou de ser elogio na Europa, e por si só isso já mostra a gritante mudança de patamar dos Rossoneri na prateleira do futebol europeu nos últimos anos. A história gloriosa e recheada de títulos, incluindo sete taças de Champions League, não pode ser apagada, mas se a última conquista de expressão foi uma Serie A em 2011, de lá para cá, em meio ao domínio da Juventus, os rubro-negros de Milão sequer conseguiram competir regularmente no alto da tabela.
O último a ter usado o exemplo do “novo Milan” como alerta daquilo que não se deseja ser foi Victor Font, candidato à presidência do Barcelona, ao comentar os fracassos recentes do clube catalão. Mas se as últimas semanas foram amargas para o Barça, que além de estar afundado em crise institucional e de seu elenco com o técnico Quique Setién, ainda viu o Real Madrid lhe tomar o título de La Liga, o futebol pós-paralização pela Covid-19 mostra um Milan que, em alguns pontos, lembra o “velho Milan” - ainda que siga demonstrando surpresas um tanto quanto caóticas.
O velho Milan voltou?
Desde a retomada do Campeonato Italiano, nenhum time marcou mais gols do que o Milan: foram 27 em nove partidas. Os Rossoneri só não venceram mais, no mesmo período, do que a Atalanta (8 vitórias a 7), sendo que a equipe de Bérgamo disputou 10 jogos.
Nomes como o do meia Hakan Çalhanoğlu – que participou diretamente de 11 gols desde a retomada, sendo quatro de sua autoria e sete assistências - mostram notável subida de nível, mas é lógico que em campo o protagonismo é todo do veterano Zlatan Ibrahimovic, autor de 7 gols em 15 jogos. Em sua segunda passagem pelo Milan, o sueco de 38 anos mostra sentir-se muito bem quando representa as cores do Diavolo.
Melhora com Pioli e o caos na escolha de técnicos
Mas se dentro do gramado o protagonismo desta guinada é simbolizado por Ibra, fora das quatro linhas o grande responsável é o técnico Stefano Pioli, que pegou um time já claudicante no decorrer da temporada e, a partir de 2020, começou a demonstrar evolução – tanto que a partir de janeiro o seu Milan só não somou mais pontos (38) do que a elogiada Atalanta (43) na Serie A.
Acontece que a direção do Milan, que em suas várias versões das últimas décadas não foi um exemplo positivo de tomadas de decisão, não parecia estar muito contente com o trabalho de Pioli. Tanto que, semanas atrás, o clube anunciou ter um acordo com o alemão Ralf Rangnick – tido como um dos grandes pensadores modernos do futebol, sendo responsável, dentre outras coisas, por ter descoberto um jovem atacante do Figueirense, chamado Roberto Firmino, e o levado ao Hoffenheim.
O acerto com Rangnick, entretanto, acabou sem nem ter começado. Nesta terça (21), após vitória por 2 a 1 sobre o Sassuolo, resultado que levou o Milan para uma quinta posição que lhe assegurou vaga na Europa League, o clube italiano surpreendeu ao anunciar que, de comum acordo, Rangnick não vai assumir o time na próxima temporada. Ato contínuo, divulgou renovação de Stefano Pioli até 2022.