Neymar é sem dúvida nenhuma o grande craque brasileiro de sua geração. Mas apesar da qualidade indiscutível, sua postura dentro e fora de campo acabou desgastando a relação do craque com parte da torcida, cenário bem diferente do que acontecia há dez anos atrás, em sua estreia pela seleção brasileira.
Ainda com o número 11, Neymar vestiu a amarelinha pela primeira vez no time principal no dia 10 de agosto de 2010, com 18 anos de idade e com uma missão bem clara: devolver a alegria, o drible e a magia à seleção mais vitoriosa de todos os tempos.
A necessidade era óbvia e desejada por todos, principalmente após a Copa do Mundo de 2010, que encerrou um ciclo que não traz boas memórias a nenhum brasileiro.
Após 2006 - quando o Brasil foi mal na Copa, mas ainda contava com Ronaldo, Ronaldinho, Kaká, Roberto Carlos e cia. -, a seleção passou por um período natural de renovação. Porém, com Dunga no comando, a equipe se afastou das origens do futebol alegre e de improviso, para se preocupar excessivamente com a marcação e com o jogo burocrático. Além disso, a falta de craques no time era evidente.
Os destaques daquela seleção eram Luís Fabiano, Robinho e Felipe Melo e, mesmo assim, Dunga insistia em não convocar Neymar, que despontava em um Santos que encantava o país por seu futebol alegre e ofensivo.
Então, após a derrota na Copa de 2010, com atuação desastrosa de Felipe Melo contra a Holanda, Mano Menezes assumiu o comando da seleção. E sua primeira mudança foi convocar Neymar para devolver o espírito de ousadia e alegria à seleção. É verdade que Mano nunca esteve perto de ser um treinador ofensivo, mas a necessidade de uma mudança era tão grande que isso não fez tanta diferença.
Neymar entrou em campo pela primeira contra os Estados Unidos e fez o que todos esperavam: driblou, atacou, fez gol e, mais do isso, devolveu o jeito moleque de jogar à seleção. Porém, depois de 10 anos, a relação entre o craque e os torcedores brasileiros foi mudando com o tempo.
Copa das Confederações, Olimpíadas e Copas do Mundo
Após a estreia, Neymar seguiu se destacando e encantado. Então, em 2013, ele foi o grande destaque da seleção que conquistou a Copa das Confederações, com direito a gol e muitos dribles contra a poderosa seleção da Espanha na final. Com a conquista, a esperança pela conquista da Copa de 2014 aumentou.
O mundial chegou e Neymar seguiu jogando bem e marcando gols. Até que, nas quartas de final, sofreu uma entrada violenta nas costas e teve a lesão mais séria de sua carreira, ficando de fora do restante do mundial. Na semifinal, todos lembram o que aconteceu. 7 a 1 para a Alemanha e muitas perguntas sobre como aquela partida teria sido se Neymar estivesse em campo.
Então, em 2016, o Brasil teve uma espécie de chance de redenção. O único título que a seleção canarinho não havia conquistado era o das Olimpíadas. A competição sempre foi uma espécie de fantasma para os jogadores brasileiros, mas Neymar conseguiu por fim a isso, e justamente contra a Alemanha na final.
July 26, 2019
O craque fez um golaço de falta, que mandou a decisão para os pênaltis, e bateu a cobrança decisiva que deu o título ao Brasil. Novamente as atenções estavam voltadas para a Copa do Mundo de 2018.
No entanto, ao longo desses dois anos, Neymar se envolveu em algumas polêmicas, se transferiu ao PSG, começou a ganhar a alcunha de “bad boy” do futebol, perseguido pelos zagueiros adversários. Além disso, cabelos coloridos, muitas festas e simulações de falta passaram a irritar os torcedores, justamente no período em que o jogador mais se lesionou na carreira.
E o ápice dessa relação mais problemática chegou justamente durante a Copa de 2018. O resultado foi a eliminação diante da Bélgica nas quartas de final e a esperança por mais um Copa do Mundo adiada novamente.
Artilharia, aproveitamento e novas esperanças
É verdade que a Copa do Mundo ainda não veio, mas apesar das polêmicas, o camisa 10 costuma se sentir muito à vontade vestindo a amarelinha.
Aos 28 anos, ele já é o quinto maior artilheiro da história da seleção, à frente de nomes como Romário, Ronaldinho Gaúcho e Rivaldo. Com 61 gols, ele está atrás apenas de Pelé (77), Ronaldo (67) e Zico (66). Ainda com muitos anos de carreira pela frente, ele tem grandes chances de se tornar o maior artilheiro da história da seleção.
May 2, 2020
Além disso, Neymar também não costuma perder com o Brasil. Em 35 jogos oficiais, foram apenas duas derrotas. No total, contando também os amistosos, já são 101 partidas, com 69 vitórias, 22 empates e dez derrotas. Até o momento, ele esteve presente em duas finais com o Brasil e ganhou as duas, marcando gols e sendo decisivo em ambas.
September 7, 2019
E em um momento em que o Brasil não vive uma abundância de grandes craques - como entre 1998 e 2006, por exemplo - Neymar segue sendo a grande esperança para o Brasil voltar a ganhar um mundial.
Grandes craques já tiveram essa missão e falharam. Zico, Sócrates e Falcão estiveram juntos em 82 e não conseguiram dar o título aos brasileiros. Neymar ainda terá mais algumas oportunidades para fazer isso acontecer.