Neymar não tem obrigação de ser o melhor jogador do mundo

A ausência de Neymar na lista dos dez atletas que brigam pelo prêmio da FIFA de melhor jogador do mundo dividiu opiniões. No entanto, a maioria fez duras críticas ao craque brasileiro que teve uma temporada aquém do que se esperava.
Jogador mais caro da história e camisa 10 da Seleção Brasileira, a expectativa em cima do meia-atacante contratado a peso de ouro para conduzir o PSG na temporada e, claro, o Brasil na Copa do Mundo era grande e não foi correspondida.
Por outro lado, Neymar não tem a obrigação de ser eleito o melhor do mundo. E quem precisa entender isso são os fãs de futebol e principalmente os brasileiros que cobram do camisa 10 em cima de suas próprias frustrações.
O país do futebol concedeu muitos craques ao mundo, mas passou por secas, que fazem parte dos ciclos, "gerações" perdidas, que fizeram com que os torcedores depositassem muitas esperanças em Neymar e o apontassem como o único "herói" possível para representar o retorno do Brasil ao topo.
Foi uma década de domínio de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, um argentino e um português, sem ao menos um brasileiro para ameaçar a briga dos dois. Kaká, o último nascido em terras canarinho a levar o prêmio se apresentou antes que o duelo entre a dupla começasse de fato.
O orgulho de quem acredita ser o "dono" do futebol mesmo sem tê-lo inventado não permitia que um brasileiro não estivesse competindo. De fato é difícil para quem viu ou cresceu ouvindo falar de Pelé, Garrincha, Falcão, Zico, quem acompanhou Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho.
O último citado, inclusive, poderia ter faturado mais bolas de ouro, mas chegou ao topo e decidiu que era o suficiente, também foi muito criticado por não ter feito mais, mesmo tendo feito muito pelo futebol brasileiro. A lacuna deixada por Gaúcho foi grande e parecia preenchida com a chegada de Neymar.
O jovem atacante do Santos encantava o mundo, foi contratado pelo poderoso Barcelona, faturou a Champions, e chegou na briga com o argentino e o português. Mais novo que a dupla, ainda tinha muita estrada pela frente e o terceiro lugar, naquele momento, parecia justo.
Mas a bola de ouro até agora não chegou e desta vez não vai passar nem perto, Neymar deixou claro que isso é um objetivo pessoal, repetindo, pessoal, que pertence apenas a ele. É um prêmio individual do futebol, que craques como Iniesta e Xavi entre tantos outros jamais levaram para casa.
Aos 26 anos, Neymar ainda tem muitas chances de ser o melhor do mundo, e caso seja será uma conquista dele, na qual o jogador não tem a menor obrigação de faturar nem por mim, nem por você.
No mais, podemos analisar que foi uma temporada ruim, marcada por uma lesão que o afastou dos momentos decisivos com o PSG, o atrapalhou na Copa do Mundo mais psicologica do que fisicamente, porém longe de ser o fim dos tempos. Ele tem bola para se recuperar no campo, voltar a brilhar e liderar tecnicamente o time parisiense e a Seleção.
Se aos 26 anos, a bola de ouro ainda não chegou, no currículo do jogador tem Copa do Brasil, Libertadores, bicampeonato espanhol, Champions League, Copa do Rei, Campeonato Francês, Ouro olímpico inédito, artilharias, dribles e golaços. Além de estar no top 5 dos goleadores da pentacampeã do mundo.
Todos esperamos mais de Neymar, depositamos as nossas esperanças por frustrações com gerações perdidas, por ausência de craques que deixam a magia no gramado, para acabar com a hegemonia de Messi e Cristiano Ronaldo, mas não podemos obriga-ló a ser o que queremos que ele seja, ou vencer aquilo que queremos que ele vença.