A carta na manga do Paris Saint-Germain era Ousmane Dembélé. Em uma janela em que o time parisiense foi abalado pela saída de Leo Messi, de Neymar e pela provável saída de Kylian Mbappé rumo a Madri, o PSG iniciou um novo projeto sob o comando de Luis Enrique. A princípio, este projeto não estava tão focado na estrela como estava meses atrás.
No entanto, o treinador asturiano precisava de reforços... e mirou o Barcelona. Dembélé sempre foi do agrado do Paris, e apesar do time francês não ter conseguido aproveitar a cláusula que reduzia a sua transferência até 31 de julho, finalmente conseguiu concretizar a operação.
Dembélé, um dos jogadores mais desequilibrantes da Europa, deixa poucas dúvidas quanto ao seu futebol, mas uma delas pode ser a regularidade que o seu estado físico permitirá. Essa preocupação já é conhecida pelo PSG com Neymar. Com o brasileiro na Arábia Saudita, Dembélé será quem atrairá o foco ao seu estado físico.
O BeSoccer Pro analisa esse aspecto da nova contratação de Dembélé, a nova estrela do PSG. Quão arriscada é a sua contratação? Com o seu histórico de lesões, com certeza essa é uma variável que a equipe parisiense considerou. Justo quando parecia que poderia reduzir a sua frequência de ausências por lesões, ele se transfere para o PSG.
No entanto, com os dados em mãos, essa irregularidade física pode realmente ser motivo de preocupação: dos 327 jogos que o Barcelona disputou desde a temporada 2017-18, quando ele chegou, Dembélé perdeu 122 devido a lesões. Ou seja, 37,31% dos duelos. Perdeu até mais jogos do que Neymar (36,79%) nas últimas seis temporadas.
O alerta com Neymar
O Paris Saint-Germain fechou a contratação de Neymar no verão de 2017. A primeira grande movimentação do time parisiense no mercado, o primeiro grande impacto do dinheiro catari. Neymar chegou a Paris como a principal estrela e depois de ter jogado praticamente tudo na sua passagem pelo Barcelona.
No entanto, a sua média de jogos diminuiu à medida que as suas ausências por lesões aumentaram. O brasileiro esteve de fora em 117 partidas, devido a problemas físicos, das 318 que o PSG disputou desde a temporada 2017-18, quando Ney desembarcou na capital francesa.
Na sua primeira temporada, Neymar perdeu 23 dos 57 jogos (40,35%) devido a lesões. Esse percentual aumentou ainda mais na sua segunda temporada, 2018-19, quando lesões o impediram de jogar em 25 dos 55 jogos (47,27%) da sua equipe. Esses números serviram para aumentar a pressão sobre Neymar, contratação mais cara da história do futebol. Nas últimas quatro temporadas, esse percentual diminuiu... mas ainda é alto.
Na temporada 2019-20, Neymar se ausentou em 32,65% dos jogos do PSG (16 de 49) devido a lesões, menos do que na temporada 2020-21 (33,33%). De forma semelhante, na temporada 2021-22, esse percentual foi de 32%, enquanto na última temporada, 2022-23, que começou bem, mas teve que se afastar durante uma parte importante da temporada devido a problemas no tornozelo. Ele ficou de fora em 17 dos 50 jogos por motivos médicos. Ou seja, 34%. No total, a média das ausências por lesões de Neymar chega a 36,79% desde que ele assinou com o PSG. Muito para um jogador que deveria liderar o projeto.
Dembélé, com números bem parecidos
Ousmane Dembélé foi o escolhido para substituir Neymar no Barcelona. O time azulgrana apostou forte no atacante francês em uma transferência que foi bastante questionada na época, em termos de desempenho, praticamente desde a primeira temporada.
Dembélé mostrava sinais de poder ser aquele jogador capaz de liderar o projeto, mas a sua frequência de lesões impediu que o francês se tornasse o foco principal do ataque do Barcelona. Muitas oscilações no time titular e nos seus picos de desempenho prejudicaram a sua passagem pelo Barcelona. Sem dúvida, pelas suas habilidades, ele poderia ter sido mais do que realmente foi.
Agora, esse dilema com lesões se transfere para Paris. Desde a temporada 2017-18, Dembélé perdeu 122 partidas das 327 do Barça devido a problemas físicos. No primeiro ano, foram 27 de 56 jogos (48,21%) em uma temporada em que o time azulgrana precisava de desequilíbrio no ataque. Na temporada 2018-19, ele apareceu muito mais e teve um percentual de ausências por lesões de 28,33% (17 jogos fora), reduzindo quase 20%.
A pior temporada de Dembélé em relação a lesões no Barcelona foi a 2019-20. No início da Liga, o francês sofreu várias lesões musculares que o impediram de ganhar ritmo desde o começo. Ele até teve que passar por cirurgia e nessa temporada só conseguiu jogar 9 partidas. Acabou ficando fora de 39 jogos devido a lesões, ou seja, 76,47% dos jogos que o Barcelona disputou. Na temporada seguinte, 2020-21, a melhor nesse aspecto: ficou ausente por lesões em apenas 3 jogos dos 54 (5,56%) da equipe. Parecia que ele estava deixando esses problemas para trás.
No entanto, na 2021-22, voltou a ser recorrente vê-lo no departamento médico. Não tanto quanto antes, mas ainda muitas vezes para um jogador tão importante. Ele ficou de fora de 19 dos 53 jogos na temporada 2021-22 (35,85%) e teve números semelhantes na sua última temporada no Barcelona, a 2022-23, na qual as lesões o impediram de participar de 17 jogos de 53 (32,08%). Ao longo desses seis anos, Dembélé deixa o Barcelona com um índice de 37,31% de ausências devido a lesões nos jogos da equipe. Dados ligeiramente superiores aos de Neymar no PSG (36,79%) no mesmo período.