A presença de Jorge Sampaoli em Atlético-MG 4 x 0 Flamengo - jogo que acabou derrubando Domenèc Torrent do comando do Rubro-Negro e resultado na chegada de Rogério Ceni - chamou atenção da Procuradoria Geral, que ofereceu uma denuncia contra o argentino ao STJD. Além de estar suspenso por ter levado o terceiro cartão amarelo, o treinador foi flagrado usando o celular durante o jogo.
Figura polêmica no futebol, Sampaoli, pela segunda vez no Campeonato Brasileiro, estava impedido de comandar o Atlético-MG por conta do excesso de cartões amarelos tomados - assim como com os jogadores, a cada três, o treinador fica de fora de um jogo. Mas isso não impediu o argentino de estar presente no Mineirão no duelo importante contra o Flamengo.
Dos camarotes, Sampaoli acompanhou ao duelo, o que despertou atenção do STJD. Apesar de no regulamento tradicional da competição não existir uma regra que proíba o treinador suspenso de assistir ao jogo do estádio, o momento de pandemia fez algumas mudanças no cenário e o número de pessoas permitidas por delegação é limitado e, portanto, a presença do comandante suspenso é proibida em qualquer área.
Conforme a assessoria de imprensa do STJD disse em nota, com as presenças controladas nos estádios, Sampaoli não poderia ter comparecido ao duelo e nem exercido sua atividade em qualquer lugar, assim como apontou a Procuradoria que denunciou o caso, conforme previsto no artigo 47, parágrafo 5º do Regulamento Geral de Competições 2020. Desta forma, o treinador pode ser julgado e punido.
Além da presença no estádio, outra conduta de Sampaoli é alvo da Procuradoria. O argentino, durante a partida, foi flagrado pelas câmeras do Premiere usando o seu celular e, segundo o STJD as imagens deixam claro que o treinador estava se comunicando com o banco de reservas - o nome apontado é o de Diogo Aves, analista de desempenho do Galo.
"O fato é: Jorge Sampaoli estava no estádio passando orientações. A prova de vídeo é inegável. Portanto, restam duas hipóteses: (a) ele estava na delegação; ou (b) ele não estava inscrito na delegação. Caso a primeira se confirme, restará configurada uma ofensa gravíssima à estabilidade do regulamento geral de competições, visto que o clube não observou a regra de suspensão do seu comandante. Tal fato é grave porque quebra a paridade técnica ao permitir que o treinador influencie no resultado do jogo passando instruções quando deveria estar afastado do desempenho de suas funções. É uma interferência indevida e ilegal, ferindo de morte a paridade de armas e tornando inócuo todo o ordenamento de sanções disciplinares”, diz um trecho da denúncia.
Sampaoli será denunciado e punido pelo STJD?
A denúncia a Sampaoli já foi oferecida ao STJD pela Procuradoria. Assim como Diogo Alves, o treinador está sendo acusado de assumir conduta contrária à disciplina ou à ética desportiva, correndo o risco de levar uma suspensão que pode variar entre uma e seis partidas.
Além dos dois, o Atlético-MG também está sendo denunciado no artigo 191, inciso III do CBJD por deixar de cumprir ou dificultar o cumprimento do Regulamento Geral da Competição 2020, já que tentou, de forma transversa, escalar o seu técnico suspenso para o jogo. Segundo a denúnica, o clube, levando Sampaoli ao estádio, facilitou para que ele desse instruções e até se comunicasse com o campo por meio de gritos e gestos, além do telefone, "uma vez que o estádio estava sem a presença de público".
O clube corre o rico de receber uma punição em forma de multa de R$ 100 a R$ 100 mil. Os dois julgamentos devem aocntecer em dezembro, já que as pautas de novembro já estão fechadas.
Esta não foi a primeira vez no Brasileirão de 2020 que Sampaoli esteve expulso. O mesmo aconteceu 13 de setembro, contra o Bragantino, pela 10ª rodada do Brasileirão. Na ocasião, o argentino também assistiu à partida dos camarotes do Mineirão, e acompanhado do preparador físico Pablo Fernández, que também estava suspenso. Naquela oportunidade, foi Fernández quem usou o celular durante o jogo, mas nenhuma denúncia foi feita.
No entanto, procurado pelo GE.com, à época, Piacente disse que seria prematuro oferecer denúncia contra os dois, uma vez que o STJD ainda tinha protocolos sobre cumprimento de suspensão de treinador em tempos de Covid-19, e, sobre o celular, só viraria alvo de denúncia se houvesse "prova concreta" que ele foi usado para comunicação entre o banco e o treinador.