Constatação óbvia: o Vasco não é o mesmo sem Germán Cano. E foi sem o seu artilheiro que o Cruz-maltino, que briga contra o rebaixamento no Brasileirão, foi eliminado nas oitavas de final da Copa Sul-Americana ao ser derrotado por 1 a 0 pelo Defensa y Justicia, dentro de São Januário. O gol dos argentinos, que nem foram tão superiores assim, foi oriundo de mais uma pane no sistema defensivo vascaíno e mostra por que a equipe está no lugar que está.
O time comandado pelo português Ricardo Sá Pinto não é de criar muitas chances de qualidade. É graças à perícia finalizadora de Germán Cano no ataque que o time faz grande parte de seus gols. O camisa 14 é daqueles atacantes que resolvem fazendo, muitas vezes, o difícil parecer fácil. Reserva imediato para a posição avançada no ataque, Ribamar muitas vezes faz o fácil parecer difícil. Foi assim contra o Defensa y Justicia, em duelo marcado por grandes chances desperdiçadas pelo camisa 9: três finalizações desferidas em boas posições e gols que não poderiam ser desperdiçados.
A presença de Cano não faz o Vasco finalizar necessariamente mais. Mas o time claramente finaliza pior. Quando o gol a favor fica mais difícil de aparecer, a chance de sofrer um gol e não vencer um jogo cresce. Se o técnico Ricardo Sá Pinto deu mostras de que poderia melhorar o sistema defensivo ao colocar cinco homens à frente do goleiro, recentemente as falhas individuais e em conjunto vão custando caro. Foi o que aconteceu nos últimos quatro jogos, tanto pelo Brasileirão quanto pela Sul-Americana.
Cometer erros mais próximos do próprio gol facilita a vida dos adversários. Foi assim que a equipe de Sá Pinto viu sua rede sendo balançada o contra São Paulo (1x1). Foi por detalhes que o 1 a 1 na ida contra o Defensa y Justicia (gol de Cano para o Vasco) não foi na verdade uma derrota. E foi assim que a equipe foi goleada por 4 a 1 pelo Ceará. A falha do jovem goleiro Lucão contra os argentinos tem o seu caráter incomum... mas ainda assim Gabriel Hachen não foi tão incomodado pelos demais na hora de finalizar para o fundo dos barbantes de São Januário.
A equipe de Sá Pinto vai sofrendo gols fáceis e é extremamente dependente de Cano para marcar os seus. Em 11 jogos sob o comando do português, foram apenas duas vitórias, além de cinco empates e quatro derrotas.
O Vasco, que no início do trabalho de Ramón Menezes chegou a iludir o torcedor mais fanático, fazendo-o sonhar até com a possibilidade de títulos, tem uma camisa pesada e um longo histórico de artilheiros decisivos – desde Ademir de Menezes, passando por Roberto Dinamite, Romário, Bebeto e Edmundo. Ter um grande goleador, como é o caso de Cano hoje, ajuda muito, mas não é o bastante. A equipe e o elenco precisam corresponder e isso já não acontece, faz tempo, em São Januário.
Entrar nas grandes competições sonhando com título ainda não passa de um sonho.