Quando a seleção brasileira rumou para a Ásia, em 2002, poucos acreditavam que o time treinado por Luiz Felipe Scolari terminaria campeão do mundo. Olhando em retrospectiva parece até mesmo algo absurdo, tamanha a presença de craques como Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos Cafu e outros. Mas o momento não era bom para o selecionado.
Entretanto, jogo após jogo a Seleção brasileira foi convencendo os torcedores de que o grupo estava fechado e focado a triunfar. Quando, há exatos 15 anos, Ronaldo 'O Fenômeno' estufou por duas vezes as redes alemãs defendidas pelo goleiro Oliver Khan, a felicidade era completa no Brasil. O quinto título mundial, o 'Penta', chegava e marcou uma era de grandes craques do nosso futebol.
O brasileiro se encheu de confiança. Em um tempo ainda sem Messi ou Cristiano Ronaldo, eram os craques tupiniquins quem comandavam o futebol mundial: Ronaldo deixara o Inter de Milão para abrilhantar ainda mais o elenco galáctico do Real Madrid, que já contava com um impressionante Roberto Carlos; Cafu fazia história na Roma e logo depois alçaria voos maiores no Milan.
Ainda menino, Kaká somou apenas 18 minutos em campo. Entretanto, conquistaria em 2007 o prêmio de melhor jogador do mundo após desequilibrar pelo Milan. Foi a última vez que um jogador brasileiro chegou tão alto na premiação individual que, embora corretamente seja visto como menor para alguns, às vezes pode dizer algumas verdades: no caso brasileiro, talvez tenha simbolizado a falta de um trabalho mais elaborado para seguir vencendo sempre. Naquele 2002 do título mundial, Ronaldo 'O Fenômeno' recebeu a máxima premiação individual de um jogador e Ronaldinho Gaúcho teve a mesma honraria em 2004 e 2006.
Logo após a conquista de 2002, a Confederação Brasileira de Fuebol (CBF) ganhou uma força ainda maior do que já tinha. A Seleção disputava vários amistosos e fazia chover dinheiro para a principal entidade do futebol nacional. Os mesmos dirigentes que, hoje, respondem à duras acusações de corrupção, naquela época já comandavam um trabalho que não se mostrou nada bom para manter a Seleção sempre nas cabeças.
Embora tenham chegado títulos de Copa América e das Confederações, as campanhas nos Mundiais sempre ficaram aquém do esperado: em 2006, um time colocado com absoluto favoritismo se rendeu às badalações e jamais encantou; em 2010, um grupo limitado tecnicamente colocou tanto nervo na ponta das chuteiras que o destempero culminou em outra eliminação. Mas o pior ainda estava por vir: 2014.
Na mesma Copa que seria um grande poço de corrupção – dentre tantas coisas, 'matando' o Maracanã – o Brasil conseguiu uma conquista que nenhum país quer para si: a maior vergonha esportiva de sua história, os 7-1 impostos pela Alemanha na semifinal do torneio realizado em terras brasileiras.
Por isso, se a conquista da Copa do Mundo nos traz uma lembrança boa – de craques e um triunfo tão merecido quanto inesquecível – também nos mostra que o futebol brasileiro, da maneira como foi organizado, não pode entrar em um ‘oba-oba’ após uma vitória. E se a Alemanha, com um time de jovens, dá mostras, na Copa das Confederações, de que o bom trabalho segue após a conquista do Mundial em 2014, vale lembrar que todo o excelente planejamento feito por eles também completa 15 anos nesta sexta-feira (30): foi após a aquela derrota em 2002 que o 7-1 começou a ser desenhado.
Texto por Tauan Ambrosio.