No início dos anos 2000 surgiu no Flamengo um atacante que já se mostrava diferente. Com bom porte físico e potência na perna esquerda, Adriano chamou a atenção de vários clubes do futebol europeu e antes mesmo de alcançar o sucesso no Rubro-Negro foi vendido para a Inter de Milão.
Em 2001, o atacante deixou a Gávea rumo à Itália e em seu primeiro jogo com a camisa do novo clube já deu indícios de que não seria apenas mais um. Adriano marcou um gol sobre o Real Madrid dentro do Santiago Bernábeu na estreia pela Inter.
O feito, porém, não evitou que o jogador fosse emprestado para pegar experiência, o que acabou sendo bastante positivo para sua carreira. Adriano passou pela Fiorentina e pelo Parma e se adaptou bem antes de retornar à Inter.
Em seu retorno, balançou as redes 15 vezes em apenas 16 jogos, com média de quase um gol por jogo e grandes atuações com dribles, arrancadas impressionantes e um chute muito potente garantiu a vaga de titular absoluto da equipe e um espaço na Seleção Brasileira.
O sucesso do atacante foi tão grande que a torcida azzurri apelidou o craque de "L'Imperatore", em alusão ao imperador romano Adriano. Na ocasião, ele já era apontado como o sucessor de Ronaldo, o fenômeno.
Na época, Ronaldo já havia passado por muitas cirurgias e não não tinha mais aquela arracanda do auge de sua carreira, coisa que Adriano demonstrava dentro de campo e acabou se tornando a principal semelhança entre os dois.
Arrancada, habilidade, pivô, cabeceio e chute potente. Adriano reunia todas as características para ser um dos grandes na Seleção Brasileira. Não àtoa, Carlos Alberto Parreira confiou a ele a missão de comandar o ataque brasileiro na Copa América de 2004.
Com estrela, Adriano foi o artilheiro da competição e entrou para a história com uma bomba aos 47 do segundo tempo, contra a Argentina, na final do torneio. Por estar com o time principal completo, os argentinos eram favoritos mas perderam o título para a Canarinho.
No ano seguinte, o craque voltou a brilhar no comando do ataque da Seleção, mais uma vez artilheiro carregou o Brasil na conquista da Copa das Confederações, na Alemanha, garantindo também a sua vaga na Copa do Mundo.
Naquele momento, todos tinham a certeza de que Adriano herdaria o trono do Fenômeno e entraria para a galeria dos maiores atacantes da história da Seleção e do futebol brasileiro.
Artilheiro do ano de 2005 e bicampeão do Campeonato Italiano, Adriano chegou na Copa do Mundo em alta, fazendo parte do famoso quarteto fantástico ao lado de Ronaldo, Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Mas assim como boa parte do grupo a parte física do atacante não era das melhores.
A falecimento do pai fez o que o jogador encarasse uma forte depressão e se envolvesse com problemas de alcoolismo. Depois da péssima campanha na Alemanha, a carreira do Imperador começou a declinar rapidamente.
Os gols foram trocados pelas polêmicas, descuido com a forma física, festas badaladas, indisciplina. Duramente criticado na Itália, Adriano perdeu espaço no time de Roberto Mancini e foi emprestado ao São Paulo em 2008.
No São Paulo, Adriano não conseguiu o objetivo da Copa Libertadores mas foi efetivo no ataque, marcou 17 gols em 28 jogos, ele retornou a Itália no final do primeiro semestre onde quase retomou o sucesso na carreira. Mas, afogado nos problemas pessoais declinou mais uma vez.
Uma polêmica após uma ida ao Brasil sem autorização estourou de vez, o jogador desapareceu sem dar explicações, motivo suficiente para que a relação com a Inter azedasse de vez.
Adriano anunciou a aposentaria mas semanas depois acertou com o Flamengo. No clube onde cresceu e é torcedor declarado viveu grande fase. Mais uma vez artilheiro, o Imperador conduziu o Flamengo na sua sexta conquista de Campeonato Brasileiro, o que não não acontecia há 17 anos.
Nos braços da torcida o Imperador tinha tudo para retomar a carreira e ser o camisa 9 da Seleção na Copa de 2010. Mas mais uma vez os problemas pessoais atrapalharam a vida do jogador que, apesar dos grandes momentos no Rubro-Negro, se viu cercado de polêmicas extra-campo.
Adriano ficou de fora da Copa de 2010, o Brasil sentiu falta do jogador que poderia ter feito a diferença ao lado de Luis Fabiano. Aquela, muitos diziam, era a Copa do Imperador.
Desde então, a carreira de Adriano foi declinando, o jogador acumulou passagens sem sucesso por Roma, Corinthians, Atlético-PR e Miami United. Vive dizendo que vai voltar aos gramados e iludindo os fãs que torcem por um final diferente na vida do ídolo.
Hoje, Adriano completa 35 anos vivendo da forma que quer. Ele trocou o talento de um goleador nato, pela vida de noite, farra, churrascos e festas. Se entregou a falta de compromisso, ao vício e a depressão que invadiu a sua vida desde o falecimento de seu pai.
Aquele cara "forte, canhoto, talentoso. O atacante para as próximas três Copas do Mundo", como afirmou Carlos Alberto Parreira em 2004, teve uma carreira curta e intensa que deixou saudades nos torcedores brasileiros, principalmente por tudo aquilo que ele deixou de fazer e ser dentro de campo.