Atual campeão da Libertadores, o River Plate voltou a bater o arquirrival Boca Juniors em um mata-mata continental e chegou, pela terceira vez em cinco anos, a mais uma final do maior torneio de clubes das Américas.
Os Millonarios agora aguardam quem será o seu adversário entre Flamengo e Grêmio – que se enfrentam às 21h30 desta quarta-feira (23), no Maracanã. A certeza é que, independentemente de quem passar, será uma decisão gigante. A dúvida é se este River Plate já pode ser considerado o adversário mais difícil que um brasileiro enfrentou nas finais do torneio.
Mas embora seja, muito provavelmente, a melhor versão de sua história, este River Plate ainda precisa fazer mais para superar dois grandes esquadrões que representam épocas diferentes na competição: o Peñarol dos anos 60 e o Boca Juniors dos anos 2000.
Parado apenas pelo Santos de Pelé
O Peñarol foi o primeiro campeão da Libertadores, e para conquistar o bi, em 1961, bateu um dos melhores times da história do Palmeiras – um esquadrão que contava com nomes como Djalma Santos e Julinho Botelho, por exemplo.
Os Carboneros também chegaram à final em 1963, mas na ocasião foram derrotados pelo Santos de Pelé – uma equipe que dispensa demais comentários. Ainda naquela década, os uruguaios chegariam a outras duas decisões e conquistariam o título de 1966.
O melhor Peñarol da história conseguia misturar força com muita habilidade. O caminho de cinco finais e três taças nas sete primeiras edições da Libertadores foi construído com grandes craques. Destaques especiais para Alberto Spencer (que acabou se tornando, com 54 gols, o maior goleador na história do torneio), Luis Cubilla e Pedro Rocha (que também faria história no São Paulo e até hoje é, com 36 gols, o terceiro maior artilheiro do certame).
Aquele Peñarol enfrentou Palmeiras e Santos nas finais. Contra o Alviverde, o técnico foi o mítico Roberto Scarone e diante do Peixe o comandante foi o não menos importante Béla Guttmann – húngaro campeão europeu com o Benfica e que também ajudou a desenvolver o futebol brasileiro antes mesmo dos títulos mundiais da seleção.
O devorador de títulos na era moderna
Ao longo das décadas, equipes brasileiras enfrentaram outros esquadrões que ficaram na história. O Estudiantes, primeiro time a conquistar um tricampeonato em sequência (68-69-70), levantou o primeiro título após bater o Palmeiras na final. Mas aquele era um time mais conhecido pela catimba e até mesmo falta de lealdade de alguns jogadores, embora contasse com o hábil Verón (o pai) no meio-campo.
O Estudiantes também se aproveitou da regra em vigor na época, que colocava o campeão vigente direto nas semifinais, para levantar as taças de 1969 e 1970. Embora menos violento, o Independiente que bateu o São Paulo em 1974 também se beneficiou do regulamento e emplacou o seu tri (e quinta conquista, no total de sete que possui hoje) também precisando de menos jogos do que o habitual.
É por isso que o feito do Boca Juniors a partir de 2000 é tão emblemático. Na primeira década do novo milênio, os xeneizes chegaram a cinco finais e conquistaram quatro títulos. Tudo isso com a competição apresentando um rosto bem mais moderno, com mais de 30 participantes, fase de grupos, mata-mata a partir das oitavas de final e nenhuma colher de chá para o time que defendia o título.
Aquele Boca, aliás, acostumou-se a castigar times brasileiros. Em 2000 bateu o Palmeiras, três anos depois venceu o Santos e em 2007 destroçou o Grêmio. O trabalho mais conhecido na área técnica ficou com Carlos Biachi, considerado o maior comandante na história boquense, e teve como grandes ícones Juan Román Riquelme e Martín Palermo – respectivos ícones das camisas 10 e 9, respectivamente.
Ainda com Riquelme em campo, o Boca Junior ainda chegou à final em 2012, mas já não tinha a mesma força e viu o Corinthians levar a melhor.
De lá para cá, a Libertadores alternou alguns finalistas surpreendentes e outros campeões inéditos até o River Plate de Marcelo Gallardo se colocar como uma nova potência: levou a melhor sobre o Boca Juniors, seu arquirrival, nas duas últimas vezes que levantou a taça – a última delas exatamente sobre os xeneizes – e querem ampliar esta marca para três.
No meio do caminho, haverá Flamengo ou Grêmio.
October 23, 2019
Finais envolvendo brasileiros*
-
1961 - Peñarol x Palmeiras
- 1962 - Santos x Peñarol
- 1963 - Santos x Boca Juniors
- 1968 - Estudiantes x Palmeiras
- 1974 - Independiente x São Paulo
- 1976 - Cruzeiro x River Plate
- 1977 - Boca Jrs x Cruzeiro
- 1980 - Nacional x Internacional
- 1981 - Flamengo x Cobreloa
- 1983 - Grêmio x Peñarol
- 1984 - Independiente x Grêmio
- 1992 - São Paulo x Newell's
- 1993 - São Paulo x Universidad Católica
- 1994 - Vélez Sarsfield x São Paulo
- 1995 - Grêmio x Atlético Nacional
- 1997 - Cruzeiro x Sportin Cristal
- 1998 - Vasco x Barcelona de Guayaquil
- 1999 - Palmeiras x Deportivo Cali
- 2000 - Boca Juniors x Palmeiras
- 2002 - Olimpia x São Caetano
- 2003 - Boca Juniors x Santos
- 2005 - São Paulo x Athletico
- 2006 - Inter x São Paulo
- 2007 - Boca Juniors x Grêmio
- 2008 - LDU x Fluminense
- 2009 - Estudiantes x Cruzeiro
- 2010 - Internacional x Chivas
- 2011 - Santos x Peñarol
- 2012 - Corinthians x Boca Juniors
- 2013 - Atlético-MG x Olímpia
- 2017 - Grêmio x Lanús
*Este texto não levou em consideração as finais de 2005 e 2006, disputadas entre clubes do Brasil