Barcelona aposta em “novo futuro” para não ver Messi voltar à Champions League com outra camisa

Depois de ser derrotado dentro de casa por 4 a 1 para o PSG, no duelo de ida das oitavas de final da Champions League, o empate por 1 a 1 na volta sacramentou mais uma eliminação do Barcelona na máxima prova europeia de clubes. E pode ter sacramentado, também, a despedida de Lionel Messi - autor de um gol e um pênalti desperdiçado - como jogador do Barça dentro do torneio continental.
O craque argentino havia demonstrado o desejo de sair do único clube que defendeu em toda sua vida após o término da temporada passada, marcada pelo retumbante fracasso na Champions League – com eliminação após goleada sofrida por 8 a 2 frente ao Bayern. Messi, entretanto, se recusou a colocar o Barça na justiça para fazer valer seu desejo e seguiu no Camp Nou para esta atual temporada, mas como seu contrato se encerra justamente no término da atual campanha a sua permanência está longe de ser garantida.
É por isso que a eliminação frente ao PSG pode ter sido histórica. Podemos ter visto o maior craque do Barça em todos os tempos ter feito sua última aparição pelo clube na Champions. A dúvida está no ar e seguirá circulando enquanto o martelo não for batido, mas se meses atrás a permanência de Messi no Camp Nou parecia improvável as últimas semanas ao menos dão um pingo de esperança para o torcedor catalão - como se um novo futuro estivesse no horizonte, pronto para servir como argumento definitivo para convencer o rosarino a não trocar de camisa.
Nas últimas semanas Messi foi manchete de jornais na Espanha não por ter decidido em um jogo de futebol, mas por ter comemorado, dentro do gramado, como se fosse um torcedor do Barcelona em campo. O time treinado por Ronald Koeman precisava reverter a desvantagem de dois gols frente ao Sevilla, no jogo de volta da semifinal da Copa do Rei. O argentino tentou e tentou... mas não conseguiu fazer a diferença. Parecia ser uma noite para ver outros, que não ele, decidirem. Algo bastante raro nos últimos anos.
Quando Ousmane Dembélé fez o 1 a 0 contra o Sevilla, no início do primeiro tempo, Messi sequer comemorou. Parecia, de certa forma, anestesiado, sem reação perceptível. A eliminação parecia estar sacramentada, com o relógio ultrapassando os 90 minutos regulamentares, quando Messi bateu um escanteio dentro da área adversária. A bola circulou até chegar aos pés de Griezmann, e de lá voltar à área. Gerard Piqué, zagueiro fazendo papel de centroavante desesperado, cabeceou para o fundo das redes. O Barcelona, de maneira épica, ganhava sobrevida. E um dos grandes destaques naquele momento era a imagem de Messi, sozinho, pulando, gritando e socando o ar como se fosse um torcedor. Sentindo, de forma legítima, prazer por estar em campo. O sorriso quando Braithwaite, na prorrogação, fez o 3 a 0 e sacramentou a vaga na final, foi visível.
Dias depois Messi deu as assistências na vitória por 2 a 0 sobre o Osasuna, que somada ao empate entre o líder Atlético de Madrid no clássico contra o Real aumentou a força do Barcelona na luta pelo título de La Liga. Ilaix Moriba, garoto de apenas 18 anos que aparece como esperança para o futuro, fez o segundo gol barcelonista. Uma das melhores coisas no trabalho de Ronald Koeman até aqui, diga-se de passagem, tem sido a coragem de apostar em nomes oriundos da base. E Messi, como se fosse um professor em campo, tem gostado disso.
Horas depois da vitória sobre o Osasuna, Messi foi ao Camp Nou. Mas não para votar. O argentino deu a sua participação na eleição presidencial do Barcelona e o final não poderia ter sido mais feliz: Joan Laporta, presidente cujo último mandato, entre 2006 e 2010, marcou a ascensão de Messi como o craque que ele passou a ser, foi eleito. Josep Maria Bartomeu, desafeto do camisa 10, já havia sido destituído do clube meses antes e chegou até mesmo a ser preso por irregularidades administrativas. Laporta, dizem na imprensa europeia, é uma das esperanças para que Messi siga no Camp Nou.
Laporta e Messi, anos atrás
O futuro de Messi ainda é incerto, mas uma aparente “virada de chave” dada pelo clube dentro e fora de campo são o fio de esperança que fazem o torcedor barcelonista acreditar que Messi voltará, trajado de azul e grená, para a Champions League de 2021-22.
E enquanto também não tem certeza se isso vai acontecer ou não, o técnico Ronald Koeman já começa a fazer uma campanha aberta para que o argentino siga exatamente onde está.
"Estamos saindo de outra maneira desta Champions", disse o técnico holandês após a eliminação frente ao PSG, e fazendo referência às últimas (e traumáticas) quedas na competição. "Já faz um tempo que o Leo (Messi) está vendo que o time está melhorando com as mudanças que estamos fazendo, com jovens com qualidade e um grande futuro. O Messi não pode ter dúvidas sobre o futuro desta equipe", completou.
Agora é aguardar justamente por ele... o futuro.