Beccacece: "Ancelotti é o melhor treinador do mundo para gerir egos"

Beccacece destacou em entrevista coletiva que Ancelotti "sempre conseguiu essa harmonia com resultados em lugares de grande exposição", onde treinou em clubes, e considerou admirável o fato de ele estar agora com a curiosidade de explorar o futebol de seleções.
"Fora de campo, sempre foi um cavalheiro e um senhor muito respeitado, e eu acrescentaria que, além disso, tem essa inquietação de explorar hoje um ambiente de seleção, em outro continente e outra cultura. Isso o torna ainda maior", ressaltou o argentino.
"Com esse novo treinador e a qualidade dos jogadores que o Brasil tem, esse se torna um jogo extremamente atrativo e muito emocionante para nós. Estamos com muita vontade de jogá-lo e nos preparar. Estamos muito entusiasmados em receber esse adversário", acrescentou.
Beccacece também pediu aos equatorianos que não subestimem o Brasil e valorizem o mérito de estarem na segunda colocação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026, com 23 pontos, oito a menos que o líder, a Argentina.
"Também ouvi dizer que o Brasil está diminuído, e o Brasil não está diminuído, tem cinco Copas do Mundo", alertou Beccacece na coletiva, em referência ao duelo com o Brasil, que ocupa a quarta posição com 21 pontos.
O argentino lembrou que Ancelotti, ex-treinador do Real Madrid, "tem cinco Champions e venceu todas as ligas europeias mais importantes".
"Não sejamos desrespeitosos com isso. Sempre digo que a convicção, a crença e a fé de que é possível são determinantes, mas com equilíbrio e respeito por toda a história", reforçou Beccacece.
O técnico explicou que, se o Equador conseguir se classificar para a próxima Copa do Mundo, chegará a cinco participações, "o mesmo número de títulos mundiais que o Brasil tem".
"Hoje conseguimos uma quantidade importante de pontos. Acho que devemos valorizá-los. A equipe se mantém em uma posição de privilégio. Não se falou muito sobre isso e devemos destacar mais. Não podemos naturalizar as coisas, temos que dar muito valor", disse Beccacece sobre os 23 pontos que mantêm o Equador em segundo.
Ele afirmou que colocar o Equador nessa posição de privilégio era um dos desafios, "mas não é uma obrigação".
"Precisamos trabalhar nisso porque o sucesso muitas vezes nos tira do foco e faz com que as pessoas entrem nessa onda, e depois o tombo pode ser muito grande", apontou.
O técnico da La Tri afirmou que, às vezes, conquistas são obtidas, mas "parece que sempre está faltando algo", e não se agradece nem se valoriza o que se tem.
Sobre a decisão de enfrentar Brasil e Argentina em Guayaquil, e não na altitude de Quito, Beccacece disse ser o responsável pela escolha.
"É um momento propício para pensar mais em nós mesmos do que no adversário, e testar se podemos jogar de igual para igual, porque hoje essa é uma pergunta sem resposta. Que os jogadores deem essa resposta", disse o técnico, lembrando que o Equador só venceu o Brasil em casa, pelas Eliminatórias, em duas ocasiões, a última em 2004.
Já contra a Venezuela, preferiu jogar em Quito, mesmo diante da maioria que queria mudar para Guayaquil, inclusive jogadores que mencionaram certo desconforto por jogar na altitude devido à falta de oxigênio na recuperação.
"Dissemos a eles que esse desconforto é o que os faz crescer. Dissemos que superassem isso, porque quando uma equipe tem aspirações de fazer algo diferente, precisa superar as dificuldades e a adversidade de situações como um resultado adverso", concluiu.