Após a derrota em casa por 1 a 0 para o Santos, neste domingo (21), pela 11ª rodada do Brasileirão, o técnico Eduardo Barroca reconheceu que o revés não era o resultado esperado e identificou a falta de agressividade ofensiva como ponto a ser melhorado.
“Temos tido dificuldade na transição do meio para a frente com o controle do jogo. Tivemos nove escanteios, muita finalização bloqueada. Estamos com dificuldade de encontrar clareza para transformar o controle em oportunidades. Responsabilidade minha encontrar as soluções”, disse Barroca após o jogo.
A “dificuldade de encontrar a clareza” para levar perigo real ao adversário, um dos maiores problemas deste Botafogo em 2019, ficou, mais uma vez, evidente. Em duelos realizados no Rio de Janeiro pelo Campeonato Brasileiro, o Glorioso criou, contra o Santos, o seu maior número de oportunidades segundo as estatísticas da Opta Sports [9]. Mas teve o pior número de finalizações completas – aquelas que não são bloqueadas pelo adversário. Foram cinco, dentre as quais apenas uma foi na direção do gol defendido por Éverson.
Retranca dos passes?
“O time tem muito a bola, mas pouco faz”, podem observar alguns. O estilo de jogo com grande valorização dos passes é, para parte da torcida e crítica, o principal problema deste Botafogo de Barroca, apenas pelo contraste com um ataque bem ruim.
Contudo, quanto mais tem a esfera em seu domínio os adversários têm menos oportunidades de atacar, e como possui um elenco tecnicamente inferior na comparação com os outros considerados ’12 grandes’, é algo que pode ser visto muito mais como estratégia de defesa do que propriamente de ataque – uma espécie de ‘retranca dos passes’.
Tem dado certo defensivamente: em 2019 o Botafogo treinado por Barroca sofre menos gols em média [0,69] do que a versão anterior, de Zé Ricardo [0,94], que por ter comandado o time no primeiro semestre ainda disputou jogos contra rivais piores, por conta dos estaduais. Este nível mais abaixo, fruto de um calendário dividido em duas partes bem distintas, também ajuda a explicar por que o ataque daquele Alvinegro treinado por Zé balançava, em média, mais as redes [fazia 1,53 tentos por jogo na comparação com 1 de Barroca].
Problema na formação do elenco
Ainda em sua entrevista pós-jogo, Barroca prometeu: “preciso encontrar a forma de fazer com que a gente crie mais chances. Não sou homem de fugir de responsabilidades”. Mas as suas opções no ataque, exceção a Erik, estão longe de serem boas. Principal contratação para 2019, Diego Souza não tem sido uma referência daquelas, que prendem zagueiros e dão profundidade ao time, e fez poucos gols – somente três. Contratado junto ao CRB, Victor Rangel, de 28 anos, também não inspira esperança de poder melhorar este quadro.
Em 2019, Erik, um ponta, é o maior artilheiro do Botafogo. Fez nove gols. Alex Santana e Cícero, meio-campistas, estão logo atrás. O problema de fazer o time melhorar no ataque passa muito pela formação de um elenco ruim. Mas o que fazer quando você é o clube com maior dívida [R$ 672 milhões] no país, convivendo ainda com atrasos salariais? Neste domingo, o Santos ganhou apenas por causa do brilho individual de Marinho, que tirou da cartola um chute perfeito no ângulo de Gatito Fernández.
Independentemente dos problemas vividos pelo clube, é dever do treinador buscar, sempre, alternativas para melhorar o que não está dando certo. Neste Botafogo, o problema maior dentro do campo-e-bola é o ataque. Mas é mais provável ver o time seguir apostando na “retranca dos passes” para evitar derrotas, e quando vier uma vitória aqui, outra ali, melhor ainda.
21 de julho de 2019