Entenda a punição da FIFA ao Cruzeiro

O drama que vive o Cruzeiro parece não ter fim. Após diversos escândalos políticos que estouraram no ano passado, que culminaram na primeira queda do time para a Série B do Brasileirão, outra notícia chegou para abalar os ânimos dos cruzeirenses: o clube começará com menos seis pontos a temporada 2020 do campeonato brasileiro por conta de uma punição da Fifa.
Mas qual o motivo para essa punição? Ela é definitiva? Pode haver outras? Entenda.
A história que culminou com a dedução de seis pontos antes mesmo do campeonato começar tem seu início em 2016. Nessa época, o Cruzeiro contratou o meio-campista Denilson, por empréstimo, junto ao Al Wahda, dos Emirados Árabes.
O jogador ex-São Paulo chegou à Toca da Raposa em 19 de julho de 2016 e permaneceu até 31 de dezembro do mesmo ano. O acordo entre árabes e brasileiros se deu pelo pagamento de uma taxa de 850 mil euros (cerca de R$ 5 milhões na cotação atual). O Al Wahda concordou em pagar 100% dos salários de Denilson durante a permanência dele no Brasil.
Em seis meses, Denilson fez apenas cinco partidas pela Raposa, sendo duas delas como titular. Ao fim do contrato, Denilson voltou aos Emirados Árabes. Entretanto, a dívida pelo empréstimo não foi paga desde então.
Em março de 2020, já na gestão de José Dalai Rocha, o clube mineiro recebeu uma ordem da pagamento direto da Fifa, para que quitasse a dívida com os árabes. Uma comitiva da instituição foi ao Oriente Médio para tentar negociar formas de pagar o que devia, mas não obteve sucesso.
Por isso, a Fifa prescreveu que a Raposa deverá começar a Série B com menos seis pontos, ou seja, caso vença as duas primeiras rodadas do certame, a equipe chegará à terceira rodada com zero pontos, o que pode atrapalhar bastante a sequência do campeonato e a provável disputa pelo título da segunda divisão.
O clube brasileiro afirmou em nota oficial que a decisão não cabe recurso na Fifa. Porém, diz que como não recebeu nenhum comunicado oficial da entidade reguladora do futebol mundial, tenta trabalhar para que possa começar o certame sem a decisão.
O motivo de não haver recurso para o caso é que o prazo máximo dado pela Fifa para a quitação da dívida venceu na segunda-feira (18). Ainda assim, o clube afirmou que continuará tentando evitar outras punições do não pagamento da dívida pelas gestões anteriores (a nota oficial do clube está disponível ao final da matéria).
De acordo com o 'Globo Esporte', o clube mineiro receberá uma nova data para o acertar o que deve. Caso isso não aconteça dentro do prazo estabelecido, pode haver mais punições para a Raposa.
O CEO do Cruzeiro, Sandro González afirmou que tentou negociar com os árabes, mas eles "foram taxativos" e alegaram que a situação se estende por quatro anos. Por isso, não aceitaram as jusitificativas e tentativas de prorrogar o prazo.
"O Cruzeiro Esporte Clube segue trabalhando firmemente para evitar as consequências do não pagamento ao Al-Whada de mais de 5 milhões da dívida pelo empréstimo do volante Denilson, contratado em 2016. O prazo venceu nesta segunda-feira, 18. E por causa deste processo, que não cabe mais recursos na Fifa, o clube celeste pode sofrer a punição de seis pontos na Série B do Campeonato Brasileiro. No entanto, a direção do Clube ainda não recebeu nenhuma comunicação oficial, e o Cruzeiro está finalizando a negociação com o clube dos Emirados Árabes.
As tratativas com o Al-Whada vinham se desenvolvendo positivamente nas últimas semanas, embora a troca iminente na direção do clube, com as eleições para presidente na próxima quinta-feira, 21, também tenham colaborado para dificultar as negociações. Outra dificuldade, além da falta de receitas da Raposa, que teve seus recursos ‘varridos’ na antiga administração, é o atual momento, com a pandemia da Covid-19, o coronavírus.
“Estamos negociando com o Al-Whada e vamos seguir até o último minuto, aguardando um desfecho positivo, para que o Cruzeiro não seja penalizado com a perda de pontos. Estamos vivendo um momento de exceção, em que o mundo está sofrendo com as consequências desta crise com o Coronavírus. Todos sabem da falta de recursos do Cruzeiro e o Clube teve suas receitas ainda mais comprometidas pela situação de pandemia”, explicou Sandro Gonzalez, CEO do Conselho Gestor, falando sobre as negociações com o clube árabe".