O duelo entre Atlético de Madrid e Mônaco, pela quinta e penúltima rodada da fase de grupos da Champions League, mostra o quanto o mundo dá voltas. O retorno de Radamel Falcao à capital espanhola, cinco anos após ter deixado os Colchoneros, evidencia isso mais do que qualquer outro duelo realizado nesta quarta-feira (27).
Aos 32 anos, Falcao não é mais aquele goleador implacável: sofreu lesões e foi emprestado sem sucesso para Chelsea e Manchester United antes de conseguir dar a volta por cima em sua segunda passagem pelo Mônaco, quando todos achavam que ele estava acabado.
O Atlético de Madrid também mudou desde que vendeu, por € 43 milhões, o colombiano para a sua primeira estadia no Principado, em 2013. No ano seguinte, quebrou o duopólio de Barcelona e Real Madrid na Liga Espanhola ao conquistar o título na mesma temporada em que foi vice-campeão da Champions League.
Os Colchoneros voltariam a uma decisão do máximo torneio europeu em 2016, e apesar de terem batido novamente na trave não há dúvidas de que subiram de patamar. Isso ficou evidenciado, também, nas próprias palavras de Falcao, em entrevista coletiva concedida na última terça-feira (27), quando não escondeu a emoção por retornar ao lugar onde foi tão feliz – seja pelos 70 gols em 91 jogos ou pelas três taças conquistadas.
"Era outra realidade”, disse o colombiano, autor de cinco gols em 15 jogos nesta temporada de péssimos resultados para o Mônaco (que venceu apenas duas vezes em 19 partidas). "Eu passei por momentos difíceis, bons e felizes, desde que fui embora e aprendi em todos eles. Desde que saí do Atlético, a equipe conseguiu conquistar uma estabilidade como clube, como instituição, que lhe permitiu manter as suas grandes figuras, e no momento em que eu estava isso não era possível".
Falcao deixou o antigo estádio Vicente Calderón uma temporada depois de ter participação fundamental no título de Copa do Rei, dentro do Santiago Bernabéu contra o Real Madrid – com direito a assistência no primeiro gol naqueles 2 a 1 históricos, que puseram fim a 16 anos de jejum no torneio. Uma temporada antes, decidiu com gols o título de Europa League (fez dois gols nos 3 a 0 sobre o Athletic Bilbao) e meses depois acabaria com o Chelsea, então campeão da Champions, na Supercopa Europeia com o seu hat-trick no triunfo por 4 a 1.
Hoje, ele encontra um Atleti de estádio novo e moderno, o Wanda Metropolitano, que receberá a final desta atual edição da Champions. Acima de tudo, vê uma equipe que não apenas entra em competições sonhando com títulos, mas que conseguiu manter um dos jogadores mais cobiçados do mundo. Griezmann era o sonho de consumo do Barcelona, mas o Atlético de Madrid conseguiu manter o francês, uma demonstração de força impensável na época de Falcao, por mais identificado que o jogador fosse com a camisa alvirrubra.
Mas por mais que a vida tenha dado voltas, ela também mantém algumas situações. O Atleti ainda sonha com o último salto, a conquista da Champions League, enquanto Falcao segue uma ameaça constante para os goleiros adversários. O que não muda também é o sentimento de gratidão mútua: tanto, que torcedores do Atleti se organizaram para pressionar o clube a colocar o nome do colombiano no setor que homenageia as “lendas” colchoneras.
O encontro desta quarta pode não servir muita coisa para o Mônaco, que só tem um pontinho somado no Grupo A, mas será dos mais especiais para Falcao e para a torcida que tanto vibrou com seus feitos em terras espanholas.