No mundo, Brasil é quem dá menos tempo aos técnicos

O nome mais recente a ser riscado do bloquinho de treinadores empregados no futebol brasileiro foi o de Tiago Nunes, demitido pelo Ceará após eliminação na Copa do Nordeste. Antes dele, já foram outros sete. E olha que estamos considerando apenas os times da nossa Série A, além dos gigantes Cruzeiro, Grêmio, Vasco e Bahia.
Que o futebol brasileiro é território hostil, em relação ao tempo de trabalho dado aos treinadores, assim como o apoio para os bancar em meio a tormentas naturais dentro de um esporte que apresenta traços aleatórios independente de nossa compulsão para controlá-lo, já é bem conhecido. Mas uma pesquisa realizada pelo CIES Football Observatory mostrou onde nós, daqui do Brasil, estamos em comparação a outros países neste sentido.
De um lado da pesquisa temos as ligas que, em média, dão aos seus técnicos dois anos ou mais de trabalho em um mesmo clube. Do outro lado, os campeonatos em que os treinadores não costumam resistir até seis meses.
Adivinha de que lado ficou o Brasileirão? Pois é. A conta mostra que 76.5% dos treinadores da elite do nosso futebol não passam de seis meses em seus clubes (imagina se a avaliação incluísse um corte ainda menor de meses?). É a maior porcentagem dentre todos os 90 países observados.
No geral, o futebol europeu é o que mais dá tempo para seus técnicos desenvolverem trabalhos – cerca de 506 dias considerando times afiliados à UEFA.
Isso explica um pouco da qualidade do jogo superior visto no Velho Continente? Pode ser que sim, mas não conta a história toda. Vale lembrar também que aqui, no Brasil e América do Sul, além de vários fatores que causam dificuldades, técnicos muitas vezes precisam remontar times que perdem jogadores de qualidade, vendidos muitas vezes para a Europa. E se o time cai de rendimento e os resultados não vêm... aí já sabemos o que acontece.
Mesmo assim, está claro que demitimos treinadores em exagero.
Confira, abaixo, os treinadores demitidos nesta temporada 2022
March 25, 2022