Hala Madrid: Historia que tú hiciste

Por Paulo Madrid
Diga monumental. Diga sobre-humano, soberano, inapelável. Ou diga, simplesmente, Real Madrid.
Um doblete (UCL + LaLiga) que não vinha desde 1958. O primeiro bicampeonato consecutivo da era moderna (formato atual) do torneio. Considerando a história geral, o primeiro bicampeão em 27 anos. Quatro gols marcados na final diante de um adversário que, até então, tinha sofrido apenas três gols em doze jogos na competição. Senhoras e senhores, estamos diante de um dos maiores títulos da história do Real Madrid. E, cá entre nós, isso são palavras maiores.
A Juve entrou melhor, mais forte, criando mais chances e ganhando as divididas. Via-se um Madrid bastante desconfortável em campo. Kroos, Modrić, Casemiro, Isco, Marcelo, nenhum deles conseguiu jogar, e o time, inevitavelmente, ficou sem articulação. A marcação alta dos italianos encaixou e isso dificultou bastante as coisas. A ação no campo ofensivo merengue limitou-se ao gol e pouco mais. Além da efetividade de CR e Carvajal, o outro ponto positivo foi que Casemiro anulou Dybala. O argentino não produziu nada e acabou substituído aos 78 minutos.
Falando em segunda etapa, foi quando os madridistas mudaram da água para o vinho. Uma exibição inesquecível. Zidane não trocou peças. Bastou mudar o desenho. O meio campo em losango deu lugar a uma linha de quatro. Isco caiu mais pela esquerda e "ativou" Marcelo. Kroos, sem ter o espanhol à sua frente, ficou de "cara para o vento", com espaço para ditar o ritmo da equipe. Modrić, à direita, ajudou Carvajal a conter o lado esquerdo da Juventus, onde Alex Sandro e Mandzukić incomodavam. Ofensivamente, Luka conseguiu boas infiltrações e confundiu o sistema defensivo juventino. O domínio foi completo. Os merengues abusaram das inversões de jogo, buscando abrir o campo ao máximo. A compactação e o posicionamento melhoraram e, com isso, finalmente os blancos conseguiram adiantar as linhas, retomando o padrão que lhes caracteriza. A Juventus ficou completamente sem saída.
Ao contrário do adversário, o Madrid aproveitou seu melhor momento na partida. Casemiro teve fé, arriscou do meio da rua, e o desvio de Khedira matou Buffon. Não lhe bastou com colocar no bolso o principal jogador adversário. Ele ainda quis virar — e virou — o jogo. Casemito (não, eu não escrevi errado). O terceiro gol foi um retrato perfeito daquele Real Madrid avassalador. Modrić roubou a bola quase na entrada da área da Velha Senhora, tabelou com Carvajal e cruzou para Cristiano, indomável, tocar para o gol. Asensio fez o quarto e desencadeou de vez a festa que já se desenhava.
"Real" é tudo aquilo que tem existência objetiva. O vocábulo também designa o que se refere à realeza. La Duodécima é mais um sonho que vira realidade em Chamartín. O rei de Europa e de España faz jus ao nome que carrega.
Este é meu último texto nesta coluna. A ideia inicial era escrever mais um texto para me despedir, mas não faz sentido. Não há desfecho melhor do que este. Agradeço aos editores do portal, a vocês leitores e ao Madrid. Tive a inestimável oportunidade de expressar em palavras a alegria que é vivenciar glórias tão bonitas. Saio com o dever cumprido e transbordando de felicidade. Em um ano e oito meses, foram duas Champions e uma Liga. Vou colocar no meu currículo (rs). E que venham mais títulos, infinitamente. É como diz o verso: "Historia que tú hiciste, historia por hacer". Eu te amo, Madrid.
Paulo Madrid. Não, não é uma licença poética. O nome vem de família mesmo. Sorte a minha. A coincidência gerou um interesse que, já desde muito cedo, desembocou em uma paixão. Madridista desde sempre, para sempre. ¡Hala Madrid y nada más!