Koeman, os elogios óbvios a Messi e a dura missão de acabar com 'climão' no Barcelona

Não é preciso fazer um grande exercício mental para imaginar que o clima dentro do Barcelona ainda não é dos melhores. Afinal de contas, foi apenas há uma semana que Lionel Messi, em entrevista exclusiva à Goal, confirmou que não vai deixar o Camp Nou agora – ainda que a contragosto e fazendo críticas ao presidente Josep Maria Bartomeu. Ainda assim, é preciso pensar em uma nova temporada, que pode ser a última do argentino na Catalunha, e em se preparar para ela.
E foi justamente após uma das atividades desta turbulenta pré-temporada que o novo treinador do clube, Ronald Koeman, pela primeira vez desde o comunicado feito pelo argentino falou sobre Messi. As palavras foram direcionadas aos canais oficiais do próprio clube e não fugiram da previsibilidade: “Ele é o melhor. Quando Messi está em forma é um jogador importantíssimo e já demonstrou isso durante muitos anos. E tomara que possa repetir isso nesta temporada”, afirmou o técnico – e ídolo histórico – do clube.
O afago é óbvio por inúmeras razões: Messi é o melhor e maior jogador na história do Barça e está insatisfeito com os rumos tomados pelo clube nos últimos anos. Em meio ao projeto que foi dado a Koeman, de reconstrução do elenco, o camisa 10 foi visto inicialmente como o único “veterano” a ser um pilar nesta tentativa de repaginar o Barcelona. Lionel Messi, entretanto, não comprou logo de cara o discurso de Koeman: foi pouco depois de ter conversado com o holandês que o craque, através de uma carta assinada, manifestou publicamente o desejo de sair do Camp Nou semanas atrás.
Ou seja: o “climão” ainda existe no Barcelona e será uma sombra por toda a campanha que terá início oficial no próximo 27 de setembro, contra o Villarreal, pela liga espanhola.
Koeman tem experiência com situações ligeiramente semelhantes. No final da década de 90, já aposentado como jogador, ele retornou pela primeira vez ao Camp Nou como auxiliar técnico de Louis van Gaal também em um período marcado por disputas políticas e polêmicas com as estrelas do Barça. Já como treinador, em 2007-08, comandou um Valencia bastante caótico em meio à transição de gerações e polêmicas que envolviam veteranos históricos e, até então, “intocáveis” – naquela campanha Koeman até levou os valacentistas ao título da Copa do Rei, mas brigou contra o rebaixamento em La Liga e foi demitido na reta final da temporada... quando os veteranos que haviam perdido espaço voltaram à cena para salvar a equipe da queda.
Ou seja: não falta experiência para Koeman saber lidar com esta sensível situação. O holandês é um dos maiores ídolos do clube e tem personalidade forte, já passou por situações ligeiramente parecidas e, por enfim estar com o emprego de seus sonhos, é possível imaginar que irá colocar todo o seu coração neste projeto. Se vai dar certo, ou se conseguirá apaziguar os ânimos neste Barcelona e tirar o máximo de Messi, aí é outra história.