Ainda hoje, é difícil compreender o tamnho do feito do Nottingham Forest sob o comando de Brian Clough. Mas tente imaginar um time de meio de tabela da segunda divisão inglesa, como o Queens Park Rangers, subir para primeira divisão, ganhar a Premier League logo no primeiro ano e depois vencer duas vezes consecutivas a Liga dos Campeões.
Considerando as reais possibilidades disso acontecer, é um feito quase improvável. Mas os torcedores do Nottingham viram este sonho maluco acontecer com Clough, um dos maiores treinadores da história do futebol inglês. Porém, nem sempre foi assim.
Clough foi campeão inglês com o Derby County em 1972, mas deixou o clube no ano seguinte. Depois, passou por Brighton, Leeds United, onde ficou apenas incríveis 44 dias. Ele não se deu bem com os principais jogadores do clube.
Então, o Nottingham Forest apostou no treinador.
O clube é um dos mas antigos do país, mas vivia um momento sem grande sucesso na história. Pelo contrário, era uma época em que o clube flertava entre a primeira e segunda divisões da Inglaterra e, em seus 97 anos na época, havia vencido apenas uma vez a principal divisão e duas vezes a FA Cup.
Brian Clough teve uma ajuda importantíssima para ter sucesso no Nottingham: Peter Taylor. O assistente técnico já havia trabalhado com o treinador em clubes anteriores, menos no Leeds, onde o trabalho foi desastroso.
Os dois comandantes do time conseguiram convencer importantes jogadores a ficarem no clube, como John Robertson e Martin O’Neill. Eles também apostaram em jovens jogadores como Viv Anderson e Tony Woodcock, que viriam a representar a Inglaterra posteriormente.
O clube também contratou vários nomes. Alguns deles, controversos, como Garry Birtles, contratado junto ao Long Eaton United um time sem liga, e Kenny Burns, que era conhecido por ser um causador de problemas. A maior contratação foi o goleiro da seleção inglesa, Peter Shilton, que se provou um ótimo investimento.
Na primeira temporada, o Nottingham ficou em oitavo na segunda divisão. No ano seguinte, conseguiram o acesso, terminando o campeonato em terceiro. Eis que começa a realização do sonho do pequeno clube.
O objetivo do time era apenas ficar na primeira divisão, mas eles não só ganharam a Copa da Liga como também ficaram sete pontos à frente do Liverpool, segundo colocado no campeonato e, na época, o melhor time do país. O sucesso do Forest ficou muito atrelado ao desempenho de Woodcook, que marcou 20 gols naquela campanha.
A estreia do time na Liga dos Campeões não poderia ter sido melhor: vitória no agragado por 2 a 0 contra o Liverpool. Depois, passaram facilmente pelo AEK Atenas (7 a 2) e Grasshopper, da Suíça, (5 a 2) antes de enfrentar o Colônia, da Alemanha, na semifinal.
O empate em 3 a 3 em casa e a vitória por 1 a 0 na Alemanha deram ao Nottingham a classificação histórica para a final da Champions, onde eles enfentariam o Malmo, da Suécia.
Na final em Munique, Travor Francis fez o único gol da partida que deu o primeiro título internacional ao clube. Naquela época, apenas seis clubes europeus haviam vencido o torneio por dois anos consegutivos, e o Nottingham dava seu primeiro passo para se tornar o sétimo.
Na temporada seguinte, o clube ficou em apenas quinto lugar na primeira divisão inglesa, mas isso pouco importava perto do sucesso europeu. O clube venceu o poderoso Ajax por 3 a 2 no agregado para avançar a mais uma final da Liga dos Campeões, desta vez contra o Hamburgo.
No Santiago Bernabéu, Robertson fez o gol que deu o título ao clube inglês. Um fato curioso é que o clube se tornou o único na história - e é até hoje - a vencer a Liga dos Campeões mais vezes do que a própria primeira divisão nacional.
Embora o clube não jogue a primeira divisão inglesa nos últimos 21 anos, o feito de Clough com o pequeno clube inglês nunca será esquecido. E dificilmente será superado.