Com a desvalorização do real, clubes que assumiram compromissos parcelados em moeda estrangeira podem ver suas dívidas com estrangeiros crescerem consideravelmente nos próximos meses: a título de exemplo, o dólar teve uma valorização de 3,5% somente em 2019, e continua com oscilações positivas nos primeiros meses deste ano. Pensando nisso, a Goal com separou para você alguns negócios dos grandes de São Paulo para explicar como o câmbio flutuante prejudica os pagamentos.
Alguns valores chegam a bater na casa dos 50% de oscilação a mais, como no caso do venezuelano Soteldo, do Santos, enquanto a maioria ronda os 40% de aumento na cifra final. Tudo isso considerando o valor fechado da moeda ao final desta quarta-feira, 6 de maio (negociado a R$ 5,70).
Veja abaixo alguns exemplos:
Soteldo: Santos e Huachipato Foto: Ivan Storti/Santos FC
O Santos reconhece que ainda tem de pagar 2,2 milhões de dólares dos 3,3 milhões acordados com o Huachipato para a transferência de Soteldo. Com a disparada da moeda americana de dezembro de 2018 para cá (R$ 3,87 para R$ 5,70), o negócio ficará quase 50% mais caro para o Alvinegro Praiano.
Em vez de corresponder a R$ 8,5 milhões, como previsto no início do negócio, o montante está hoje na casa dos R$ 12,54 milhões. Seria esse o valor para quitar a dívida feita para adquirir o venezuelano, que recentemente chegou a ser cogitado até no Manchester United.
No São Paulo, o caso mais emblemático em termos de pagamento é o do atacante Pablo. Como Daniel Alves, Juanfran e Pato, principais nomes trazidos recentemente, chegaram ao clube sem custo, o atleta vindo do Atlético-PR no fim de 2018 é quem mais complica a situação tricolor no câmbio flutuante.
De acordo com o SporTV, o pagamento de seis milhões de euros acordado com o Furacão vem sendo feito de seis em seis meses, em janeiro e julho de 2019, 2020 e 2021. Ou seja, ainda faltam três parcelas a serem quitadas pelos tricolores, metade do montante.
Como o euro estava em R$ 4,32 no momento da contratação e encerrou a quarta-feira cotado a R$ 6,16, o clube do Morumbi terá de gastar ao menos 40% a mais do que o planejado daqui para frente. Caso não haja uma evolução ainda maior no valor da moeda europeia, o montante total passa dos iniciais R$ 26 milhões para R$ 31 mi.
Principal contratação do Palmeiras no ano passado, o zagueiro Vitor Hugo ainda não teve os 5,5 milhões de euros da aquisição dos 100% dos seus direitos econômicos quitados com a Fiorentina. No balanço divulgado pelo clube semana passada, há um passivo de R$ 22 milhões pendente.
O valor corresponde à conversão inicial do euro no momento da negociação, cerca de R$ 4,20. Atualmente, na casa dos R$ 6,16, o negócio sairia 45% mais caro, elevando o valor total para cerca de R$ 30 milhões aos cofres do Alviverde, que já vislumbra reforços para o meio deste ano.
Principal nome contratado pelo Corinthians em 2018, o chileno Ángelo Araos ainda tem um grande montante dos 4,5 milhões de dólares investidos na sua contratação a ser pago para a Universidad do Chile e ao Antofagasta, ambos do Chile. No balanço vazado pelo site Meu Timão, aliás, o problema fica claro.
Em 2018, o clube contava como pagos R$ 1,7 milhão de um total de R$ 20,6 milhões. Em 2019, porém, o valor já subiu para R$ 23,99 milhões, fazendo com que os R$ 5 milhões gastos no ano cortassem a dívida total em apenas R$ 1,7 milhão. Restam R$ 17,1 milhões a serem pagos, 3 milhões de dólares na cotação atual.