Vinicius, à altura de Lewandowski ou De Bruyne em confrontos da Champions

O Real Madrid saiu vivo de um jogo louco contra o Manchester City, desses que encantam o torcedor e levam o treinador ao extremo. Uma das chaves para que a equipe 'merengue' golpeasse na primeira metade foi a variante tática de Carlo Ancelotti, que aproximou Rodrygo e Vinicius pelo mesmo lado para enfrentar Manuel Akanji, a solução de emergência diante das múltiplas ausências que Guardiola sofria na sua ala direita.

As forças foram se equilibrando e o efeito dessa mudança começou a se dissipar, mas funcionou quando tinha que funcionar. Pode ser que não tenha sido o jogo mais vistoso de Vinicius Júnior, mas um dos méritos de 'Carletto' foi transformar o brasileiro em um jogador que sempre contribui. O drible é a base sobre a qual canaliza o seu jogo, mas cada vez lê melhor as partidas e é capaz de contribuir mesmo quando não se destaca dessa forma.

Não é à toa que Vinicius deu duas assistências ontem. O único em que não participou foi no gol contra de Rúben Dias após o chute de longa distância de Eduardo Camavinga. No 1-1, o atacante girou e enviou a bola em profundidade para Rodrygo, que após ganhar a disputa com Akanji cortou e tocou com a ponta do pé apenas o suficiente para vencer Stefan Ortega. No 3-3, ele deu um cruzamento com a perna esquerda que Fede Valverde converteu de voleio em um dos gols mais bonitos desta Liga dos Campeões.

'Vini' chegou ao Real Madrid na temporada 2018-19 e fez a sua estreia na Liga dos Campeões nesse mesmo ano. Como indicam os dados de BeSoccer Pro, o atacante do Real Madrid está empatado como o segundo jogador do continente que mais gols gerou nos mata-mata da Champions. No total, ele jogou 25 partidas e dos seus pés saíram 19 gols. Marcou oito e deu 11 assistências.

Com isso, ele está matematicamente na mesma altura de Kevin De Bruyne e Robert Lewandowski. O belga, atual campeão e ausente por problemas estomacais contra o Real Madrid, marcou dez gols e deu nove assistências em 24 partidas. O polonês quebra recordes porque em apenas 15 partidas foi capaz de marcar 13 gols e dar seis assistências. Nesta quarta-feira, ele pode aumentar os seus números contra o PSG de Kylian Mbappé, que está temporariamente alguns lugares atrás com 15 (12+3).

Somente Karim Benzema, apesar de ter passado toda a temporada na Arábia Saudita, supera Vinicius. A Champions 2021-22, na qual ele parecia possuído pelos deuses do futebol, o coloca com 20 contribuições ofensivas, entre 18 gols e duas assistências. Enquanto isso, atrás de Vinicius, estão outros líderes da Champions, como Bernardo Silva (11+6) e Erling Haaland (14+3), cujos números brilham mais porque foram alcançados em 16 confrontos eliminatórios. Salah, Mahrez e Foden geraram 12 (todos com 7 gols e 5 assistências), e Lionel Messi, também ausente pela primeira vez em duas décadas, produziu 11 (9 gols e 2 assistências).

Vinicius já marcou 18 gols e deu 8 assistências nesta temporada. Ele se aproxima do terceiro duplo-duplo seguido na sua carreira, o que coincide com a chegada de Ancelotti ao Real Madrid. É verdade que nos últimos meses de Zinedine Zidane começamos a ver um jogador mais maduro e preciso na finalização, como aconteceu naquela partida truncada em Liverpool, mas foi o italiano quem acabou de convencer e educar o brasileiro.

Desde 2021, o de São Gonçalo marcou 63 gols e deu 43 assistências com a camisa 'merengue'. No total, são 77 gols e 58 assistências como madridista. Com apenas 23 anos, ele é o segundo brasileiro com mais gols no Real Madrid, atrás apenas de Ronaldo (104), e o quarto em número de partidas (196). Ele está se aproximando do seu segundo centenário, com Casemiro (289), Marcelo (482) e Roberto Carlos (524) à frente. São feitos significativos, mas ele já está, por direito próprio, entre os melhores.