Griezmann, um líder diferente, supera lenda e faz história no Atlético de Madrid

A importância de Antoine Griezmann para o Atlético de Madrid foi comprovada mais uma vez nesta terça-feira (21). Saúl, com seu golaço e excelente exibição no meio-campo, o gol e a assistência de Gameiro, outro que jogou muito bem e Gabi e Koke comandando o time, também foram vitais para os 'rojiblancos', mas o camisa 7 francês novamente provou ser fundamental para o Atleti. Não só pelo seu gol e pela sua boa atuação, mas também pela história.

O gol do atacante na vitória por 4 a 2 sobre o Bayer Leverkusen, em plena BayArena, pelo jogo de ida das oitavas de final, foi seu 11º desde o início da última Champions League. Griezmann seis gols a mais que outro jogador do Atleti na competição desde então, e na última noite, superou ninguém mais ninguém menos que Luis Aragonés, se tornando o maior artilheiro da história dos 'rojiblancos' na competição, com 13 bolas nas redes.

Como jogador e treinador, Aragonés é uma lenda do Atlético de Madrid. Foram 10 anos com as chuteiras e 15 com a prancheta, divididos em quatro passagens pelo Vicente Calderón. Maior artilheiro da história do clube até hoje, quando atleta, ele faturou três vezes LaLiga e duas vezes a Copa do Rei, além de sofrer com a primeira decepção na Champions League, perdendo a final de 1974 para o Bayern de Munique. No mesmo ano, porém, ele se aposentou, assumiu o Atleti como técnico e levou o time ao título do Mundial de Clubes (os Bávaros desistiram de jogar contra o Independiente). Depois, um Campeonato Espanhol, três Copas do Rei, uma Supercopa da Espanha e a Segunda Divisão.

Nesta terça-feira, Griezmann superou 'apenas' uma lenda do clube, com tamanha relevância na história 'colchonera'. Além disso, ajudou o Atleti a construir uma boa vantagem e ficar muito próximo do avanço às quartas de final para seguir perseguindo o sonho que parece sempre se transformar em pesadelo para seus torcedores.

O Atlético de Madrid tem algumas diferenças nesta temporada. Na Champions League, o desempenho tem sido excelente. Avanço em primeiro lugar no grupo D, deixando o Bayern de Munique no segundo posto, a melhor defesa do estágio anterior da competição ao lado da Juventus, com apenas dois gols sofridos em seis partidas, e agora, a ótima vitória sobre o Bayer Leverkusen na Alemanha, acabando com a invencibilidade de oito jogos dos 'aspirinas' em casa pela competição continental. O triunfo ainda acabou com o jejum do Atleti, que não tinha perdido suas últimas três partidas na Alemanha, e agora, fica próximo de repetir o filme de 2014/15 e eliminar o Bayer nas oitavas de final.

Em LaLiga, porém, a história é outra. Após ser campeão e brigar pelo título nos últimos três anos, os 'rojiblancos' aparecem apenas no quarto lugar, que tem sido disputado duramente com a Real Sociedad, e está sete pontos atrás do líder e rival Real Madrid, que ainda tem dois jogos a menos. A defesa é a segunda melhor do torneio, com apenas 19 gols sofridos em 23 jogos, estando atrás somente dos Merengues, que sofreram 18 tentos mas, como já mencionado, disputaram duas partidas a menos.

A defesa segue forte, mas o desempenho do Atleti ao longo da temporada, ao contrário dos últimos anos, tem sido irregular. O Atlético de Madrid de 2016/17 é diferente dos anos anteriores, mas tem o mesmo sonho: a conquista inédita da Champions League depois de três decepções.

Em 1974, com Aragonés, os 'colchoneros' eram campeões até o último minuto da prorrogação, quando sofreram o gol de Schwarzenbeck, forçando o segundo jogo - na época, o regulamento não determina os pênaltis, como ocorre atualmente. No duelo de volta, massacre do Bayern de Munique por 4 a 0.

40 anos depois, em 2014, o filme se repetiu. O Atleti era campeão até o último minuto do jogo, mas sofreu o famoso gol de Sergio Ramos no minuto 93. Na prorrogação, o Real Madrid atropelou por 4 a 1.

Dois anos depois, a terceira chance. Novamente contra o maior rival. Desta vez, nada de gol no final da partida, mas a decepção veio nos pênaltis. Em três anos, duas derrotas para o Real na final que o time tanto sonha em vencer para levantar a tão perseguida taça da Champions League.

O diferente Atlético de Madrid de 2016/17 tem o mesmo sonho de sempre, e agora, mais do que nunca, quer evitar que ele se transforme em pesadelo pela quarta vez. E para isso, conta com o talento de Antoine Griezmann.

Obviamente, Griezmann é um líder diferente, um líder técnico, com quem seus companheiros, seu treinador e sua torcida sabem que podem contar nos momentos mais difíceis. 

Simeone é o grande comandante, que recuperou o Atleti, recolocou o time no lugar em que merece estar, conquistando e disputando títulos, batendo de frente com os mais poderosos clubes do planeta e criando uma atmosfera e sinergia impressionantes com a torcida. Com Oblak e uma linha de quatro fantástica, a defesa segue forte, com o sistema defensivo sempre sendo incrível, Godín e Gabi são os líderes do elenco, Koke comanda e organiza a equipe em campo, Saúl desfila talento no meio-campo e Gameiro tem se provado cada vez mais importante, mas o camisa 7 francês é a grande estrela e esperança.

Griezmann, afinal, já resolveu jogos para o Atleti nos minutos finais algumas vezes, é o artilheiro e líder de assistências da equipe em LaLiga e, como já mencionado, o principal goleador dos 'colchoneros' na Champions League nos últimos anos e na história, superando uma lenda do clube.

O camisa 7 tem talento, qualidade técnica, faro de gol e capacidade de decidir jogos impressionantes. É a principal estrela esperança e um 'povo' que sonha em finalmente poder dizer que as sofridas desilusões valeram a pena para viver o que parecia impossível e foi tão perseguido, o que parecia ser um sonho impossível.