Este, talvez, tenha proporcionado o melhor time de futebol da história. La Masia se tornou sinônimo de excelência técnica como nenhuma outra academia ao redor do mundo e produziu o brilhante Barcelona dos últimos anos. Mas sua importância tem diminuído.
Pep Guardiola foi, mais que ninguém, o símbolo do sucesso de La Masia. O treinador que atualmente defende o Manchester City foi o primeiro talento mundial a ser produzido nas divisões de base do Barça, que contou com outros inúmeros talentos, como Victor Valdes, Carles Puyol, Gerard Piqué, Andrés Iniesta, Xavi, Pedro e Lionel Messi.
Esta foi uma filosofia perfeita: um técnico que buscou e representou as tradições do clube catalão. Ele iniciou os trabalhos nas categorias inferiores, antes de assumir o Barcelona B e, na sequência, o time principal. Em seu método de trabalho, o técnico priorizou atletas que estão no mesmo grupo que ele.
Depois de vencer 14 dos 19 troféus durante a era Guardiola, a metodologia foi mantida com Tito Vilanova até 2012 e La Masia fez história em 25 de novembro de 2012, quando contou com 11 atletas da equipe em campo na vitória sobre o Levante por 4 a 0, logo após Martin Montoya substituir Dani Alves no primeiro tempo.
Este foi o ponto. Quatro anos mais tarde, a situação é muito diferente. Barça foi proibido de atuar na janela de transferências por irregularidade em transações envolvendo jovens atletas em 2015. Na época, a torcida do Barça estendeu uma faixa no Camp Nou: "Não mexa em La Masia". E parece que Luis Enrique levou ao pé da letra.
Enquanto Guardiola promoveu jogadores como Pedro e Sergio Busquets, o Barça do atual treinador tem sido relutante em acreditar nos talentos criados na casa, à exceção de Rafinha, atleta que foi comandado por Luis Enrique durante uma temporada no Celta de Vigo, e Sergi Roberto, membro do elenco principal antes mesmo da chegada do treinador.
Luis Enrique prioriza resultados e parece se importar apenas com o que acontece aqui e agora. No verão, ele deixou Sergi Samper deixar o time por empréstimo e buscou Andre Gomes. O mesmo aconteceu no setor ofensivo, ao buscar Paco Alcácer por 30 milhões de euros e liberar Munir El Haddadi. O técnico tem a palavra final, com certeza, mas isso vai contra os métodos do Barça. Por que não usar La Masia? Seriam Samper e Munir piores que Andre Gomes e Alcacer?
"A ideia do clube é diferente do que era antes. Mesmo assim, com certeza, o futebol também mudou. Eles sempre queriam que tivéssemos os melhores atletas, não os mais fortes", disse um ex-membro da comissão técnica de La Masia à 'Goal'.
"Formávamos atletas para competir, respeitar o jogo limpo e, finalmente, vencer. Cruyff sempre perguntava como estávamos jogando. Ele nunca perguntava sobre o resultado", acrescentou o antigo funcionário do Barça, que pediu para não ser identificado.