Daniel Alves respondeu, na entrevista coletiva de domingo (16), a uma gama tão variada de assuntos quanto as funções que desempenhou em campo pelo PSG na última temporada. Até mesmo deixou em dúvida o seu futuro na equipe francesa, onde atuou desde volante até como meia pela direita. Na lateral, lugar que o consagrou como um dos maiores campeões da história e onde ainda atua na seleção brasileira, foram poucas partidas. Por isso, e também pelos 36 anos, é impossível não questionar por que ele segue tão forte na posição: seria apenas a capitania e/ou experiência que levam Tite a lhe escalar no flanco destro? O seu desempenho ainda é bom?
O jogador, que já levantou quase todas as taças possíveis de clubes em 19 anos de carreira, respondeu sobre esta longevidade. Embora tenha garantido o foco absoluto no presente, em uma busca para devolver o equilíbrio histórico a uma camisa vitoriosa como a do Brasil, não escondeu que um de seus objetivos seria jogar o Mundial de 2022, no Qatar. Se chegar lá, Daniel, com quatro décadas completadas, se transformaria no brasileiro mais velho a disputar o campeonato.
“É um objetivo que eu tenho [2022], mas não me permito olhar muito à frente. As oportunidades que eu tenho de estar aqui não podem ser distraídas com o futuro e nem o passado. Importa é o presente, eu me reinventar. Quando você bate uma idade, começam a levantar dúvidas. Muito se fala sobre a Seleção se renovar. Mas, aqui, se preza por resultados, não importa a idade. No momento em que não estiver dando o resultado, temos que ter a consciência de abrir para o seguinte", disse.
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A sinceridade e justiça na hora de fazer a leitura, tanto de seu momento quando do que o esporte pede, foi tão acurado quanto uma de suas várias assistências. O veterano respondeu com o que tem: argumentos. E eles são inquestionáveis nesta seleção treinada por Tite. Em termos de resultados, por exemplo, Dani Alves talvez tenha sido o único jogador de destaque convocado para esta Copa América a ter vivido apenas o momento positivo sob o comando do treinador: foi titular em grande parte das Eliminatórias que fizeram a seleção chegar embalada para o Mundial de 2018, mas se teve a tristeza da lesão que o impediu de ir para a Rússia, ao menos não teve como ser atingido pelas críticas pós-eliminação.
O baiano, invicto com a seleção em sua terra [três vitórias, 100% de aproveitamento], foi titular em todos os seus 17 jogos sob o comando de Tite. É o defensor que mais cria oportunidades de gol [18, apenas uma dela sem ser com bola rolando] e deu menos assistências apenas em relação a Neymar, Willian, Coutinho e Gabriel Jesus [foram 3]. Não sofreu nenhuma derrota neste período. Ou seja: apesar da idade avançada ainda é o melhor brasileiro de sua posição. Uma posição, aliás, de renovação difícil não apenas no Brasil mas também no mundo do futebol. As exceções talvez sejam a Inglaterra com Trent-Alexander Arnold e a Alemanha com Joshua Kimmich.
Daniel Alves diz que seleção “ficou para trás” no futebol e pede equilíbrio
"Na nossa profissão, quando bate uma certa idade, você começa a ser desacreditado. As pessoas não conhecem o seu respeito à profissão, não acompanham o seu cotidiano. Mas todos são livres para opinar. Tenho que demonstrar o meu valor a cada dia. Tenho que mostrar o meu merecimento, porque mereço estar aqui, na seleção", lembrou. "Tive que me reinventar porque o jogo se reinventou. Hoje, os laterais não apoiam o tempo todo, quase todos os clubes jogam com pontas. Hoje, jogo na função que sempre achei que deveria jogar, na criação e ajudando os meus companheiros. Acho que o nome da nossa posição não deveria ser lateral-direito, e sim amigos de todos. Porque nós ajudamos atrás, na frente, damos o passe para o companheiro".
Na seleção de Tite, o capitão que é “amigo de todos” é titular ainda por causa de sua eficiência. E nesta terça-feira (18), contra a Venezuela, o juazeirense que deixou o Bahia para brilhar na Europa seguirá nesta missão de responder os questionamentos sobre o desempenho, apesar da idade, dentro de campo. O seu campo.