O sistema do futebol tenta proteger os juízes com silêncio. Eles não podem ser entrevistados e, portanto, acreditam que a polêmica é evitada. No entanto, a vida dos árbitros também dá um livro. Isso ficou claro na entrevista de 'Sportsmail' com o ex-árbitro Mark Clattenburg.
O inglês, que chegou a apitar uma final da Liga dos Campeões e uma final da Eurocopa, deu declarações bastante impressionantes sobre três dos grandes craques do momento: Leo Messi, Cristiano Ronaldo e Luis Suárez.
Cristiano Ronaldo: um presente inesperado
"O que mais admiro acima de tudo é a capacidade para melhorar o seu jogo quando a equipe está passando por um mau momento", disse Clattenburg. "Estive em jogos dele quando era muito jovem, na Premier League, e depois em Madri. Sabia que estava dividindo o campo com um jogador único, que podia mudar o rumo do jogo num instante. Sempre me dei bem com ele", relatou.
O ex-árbitro lembrou sobre um episódio da final do Europeu, há quatro anos: "Quando ia subir para receber a minha medalha, me abraçou. Esse era o nível de respeito que tínhamos. Fiquei triste quando se lesionou durante o encontro porque perdemos um grande jogador".
Clattenburg revelou ter recebido um presente do português: "Depois de um jogo, uma camisa entrou no meu vestiário assinada. Dizia 'Mark, meus melhores desejos, Cristiano Ronaldo'. Eu nem sequer pedi. Foi um gesto tão legal".
"Lembro que o Casillas lançou a bola e em três passes marcaram o gol. É isto que podem fazer os grandes jogadores como o Cristiano. Ele é muito rápido e preciso, não me surpreende o fato de o Real Madrid não ser o mesmo sem ele. Na final da Champions de 2016 sabia que ele não estava muito bem fisicamente, mas voltou a mostrar o show Cristiano Ronaldo", acrescentou.
Messi: adaptando o apito
"Quando arbitrei pela primeira vez um jogo dele me emocionei. Foi um Barcelona-PSG e lembro de pensar 'meu Deus, isto é incrível'. Quando arbitras tens de olhar para a bola, mas com ele podes perder a bola de vista. Agora imagina os zagueiros...", lembrou.
"Tive de mudar a forma de analisar a situação quando ele tinha a bola. É tão hábil que os adversários têm de o parar de formas diferentes, às vezes pisando um pé, outras a carregar a parte de cima do seu corpo... Adverti-o nesse jogo por pisar um adversário, mas nunca se queixou de nada", acrescentou Mark Clattenburg..
"Adverti Messi nesse primeiro jogo contra o PSG por parar a jogada antes de tocar no pé do adversário, mas nunca reclamou nem disse nada", contou o ex-árbitro.
Luis Suárez: palavras duras, respostas à altura
Mark Clatteburg teve um primeiro encontro sobrenatural com Luis Suárez. "Meu primeiro jogo com ele foi com o Ajax e ele marcou quatro gols. Quando cheguei em casa, disse aos meus amigos: 'Que jogador, ele é incrível'", começou dizendo. Mas então ele descobriu outra face do uruguaio.
"Ele tinha um lado sujo, como Diego Costa, mas muito talento. Fiquei empolgado quando o Liverpool o contratou, porque sabia que jogador incrível estava chegando à Premier League. Ele sempre jogou no limite e você teve que lidar com isso. Ele sempre falei comigo em espanhol, mas eu havia apitado em todo o mundo e sabia as palavras feias, então retornei uma ou duas. Isso o surpreendeu!".