O técnico Fábio Carille, do Corinthians, completou 44 anos nesta terça-feira. Sem dúvidas, é um dos grandes nomes para o futuro da profissão do país. Jovem, estudioso e vencedor (de cara, já faturou um Paulista com o Corinthians e se encaminha para ser Campeão Brasileiro), Carille traz um pingo de esperança para uma área tão saturada e atrasada, evidência esta bastante escancarada após o desastre do 7-1 com Scolari e Parreira.
Sim, sobrou para toda uma classe. A maioria, com razão, vamos e convenhamos. Muitos estão realmente na idade da pedra. Mas alguns bons nomes, como Fábio Carille, Jair Ventura e Zé Ricardo, que tem potencial e idade para estudar e se transformar em super vencedores.
Mas toda essa evolução de Carille passa pelo Campeonato Brasileiro. Não, não estava no script o Corinthians disparar desta forma. Só que se abriu uma vantagem tão enorme que o inaceitável e o anormal seria o Corinthians perder o torneio. Num país tão parelho e disputado, tirar dez pontos em menos de quinze rodadas é algo bastante complicado. Se perder, a carreira de Carille pode ser abreviada.
Mas vamos imaginar que Carille vença. Pensamos no legado para o futuro que Carille nos pode deixar.
O primeiro deles é o estudo. Existem alguns cursos muito bons que Carille pode fazer. Vi um que o Guto Ferreira fez em Dezembro pra Janeiro na Alemanha muito legal. Ele passava alguns dias na Base dos clubes da Bundesliga e entendia como as equipes alemãs ensinavam compactação e marcação em bloco desde o Sub-17 e Sub-20 até que os atletas se tornassem profissionais. Um conceito de manter a posse de bola e muito perde-pressiona antes de se aprender as triangulações e a movimentação. Estruturar o time antes de movê-lo. Outro curso legal é o que o próprio Carille costuma fazer na CBF. Notamos que deu frutos de cara.
O segundo é provar que o Brasil pode jogar bonito sendo reativo. Já falamos diversas vezes na 'Goal.com' sobre isso. O futebol reativo de Carille é quase um Bilardismo, mas com quatro defensores. Falta um homem super talentoso na meiuca para puxar o contra-ataque.
E o terceiro é encarar o novo. A maioria dos treinadores brasileiros parece que se incomodam em aceitar o novo vindo de fora. Há um ranço, um preconceito ruim. Ensinamentos, principalmente da Argentina sempre são bem-vindos e Carille parece lidar bem com eles.
Carille é uma grata surpresa que o Brasil pode colher em dez a quinze anos. Basta lapidar.
Texto por Luís Butti, de São Paulo