Joseph Blatter foi presidente da FIFA durante 17 anos, mas deixou a entidade pela porta dos fundos em 2015, após renunciar o cargo em favor de Gianni Infantino graças ao maior escândalo de corrupção na história do futebol.
Entretanto, em uma extensa entrevista para o Estadão, o dirigente fez revelações a respeito da Copa do Mundo de 2014 e afirmou que o tempo deixou claro, através dos inúmeros casos de corrupção na política brasileira, de que não era ele, Blatter, o vilão.
O suíço, que vai lançar um livro intitulado “As Minhas Verdades”, também lamentou a situação recente do Maracanã e revelou uma ameaça de bomba antes da grande final da Copa do Mundo de 2014, entre Argentina e Alemanha.
“Na Copa das Confederações, eu era recebido por vaias. Éramos o mau, que uma empresa de não sei o que. Agora, a verdade mostra que não era a FIFA que falhou. Era fácil dizer que uma entidade era a responsável. Mas, num país, é o país que é o responsável pela organização. Se houve desvio, cabe ao país olhar para isso. Mas a realidade é que não será fácil reinstalar a boa apreciação da FIFA. Eu me lembro que, em 2013, quando eu chegava a um local, eu era vaiado como se eu tivesse roubado algo”, disse.
“No Brasil, tivemos muito apoio. Mas há pontos que jamais falamos. Um deles é o do Maracanã. Não consigo entender e aceitar que o templo do futebol tenha sido abandonado depois da Copa. Isso eu jamais poderei entender. Os britânicos jamais abandonariam Wembley (...) Maracanã é do povo. Não é de uma pessoa e nem de uma cidade. Ele é a identificação do futebol brasileiro”.
“Eu recebi uma ameaça de bomba para a final da Copa", revelou. "Transmiti às autoridades, que trataram rapidamente. Acharam a pessoa em São Paulo. Mas me disseram que eu deveria nunca dizer isso. Mas agora eu digo. Vivi aquele dia com o pressentimento de que algo poderia ocorrer. Lembro-me que, quando me acompanharam para a final, de repente a escolta não era apenas atrás e na frente de meu carro, mas ao lado também”.
“A ameaça pelo telefone era de que haveria uma bomba no estádio e eu não iria sobreviver essa Copa. Por isso, tinha motos ao meu lado. Nunca disse a ninguém, nem a minha família, que estava no Rio naquele dia. No café da manhã, minha filha me perguntou porque eu estava em silêncio. Mas vivi aquele dia com uma corda no pescoço. Isso seria uma coisa horrível na Copa", completou.