A última taça levantada pela seleção foi a Copa das Confederações em 2013. Depois disso, a equipe principal passou a ser motivo apenas de decepção. É por isso que o título da Copa América em 2019, ano em que o Brasil volta a receber o certame, poderia servir para remediar este acúmulo de insucessos.
A eliminação na semifinal do Mundial de 2014, com os 7 a 1 sofridos em casa contra a Alemanha, foi o grande marco deste período simbolizado por uma seleção de cabeça baixa. O baque maior – tanto que, quase cinco anos depois os alemães seguem a tirar sarro do que houve naquela tarde de 8 de julho. Mas as péssimas campanhas nas últimas duas edições de Copa América, 2015 e 2016, só aprofundaram esta crise de resultados no Brasil.
O sarrafo e autoestima estavam tão baixos que até a eliminação nas quartas de final do Mundial de 2018, para a Bélgica, foi vista sob um prisma positivo por parte da crítica e torcida. Afinal de contas, o passado recente no torneio trazia a lembrança dos 7 a 1 e a chegada de Tite marcou um avanço: após seis rodadas de Eliminatórias, antes de sua chegada, a seleção estava fora do grupo que garantia classificação para o certame e isso mudou radicalmente na primeira parte do trabalho realizado pelo treinador.
Mas a responsabilidade de receber o torneio, que terá o seu início nesta sexta-feira (14) com o duelo entre Brasil e Bolívia, é o de não apenas manter o 100% de aproveitamento em títulos conquistados como país-sede da Copa América [repetindo o feito de 1919, 1922, 1949 e 1989], mas o de remediar este que já é considerado um dos piores períodos na história da seleção. Se não for o pior.
Porque se separarmos a vida da equipe nacional em diferentes momentos, talvez nenhum fundo de poço seja tão grande quanto o da geração que esteve no Mundial de 2014. Um combinado de trabalhos que embora tenha mantido certa competitividade, acumulou grandes vexames: o insistente 7 a 1 e uma eliminação em fase de grupos de Copa América (2016), para citar os piores.
O Brasil já teve momentos em que não era dominante mas conquistou títulos [de 1919 até 1949, por exemplo], e em que teve uma crise de confiança depois do Maracanazo da Copa de 1950. O termo “complexo de vira-lata”, cunhado por Nelson Rodrigues, entretanto, vinha na esteira de uma tragédia esportiva e não por um vexame, como foi o caso de 2014. O período sem títulos desde Mundial de 1970 até a Copa América em 1989 teve suas decepções, mas nenhuma vergonha. Na década de 90, a campanha no Mundial da Itália foi um ponto baixo, mas recuperado quatro anos depois com o Tetra e uma época de domínio que veio na sequência. Até mesmo a derrota para Honduras na Copa América de 2001, talvez a maior vergonha da seleção antes da semifinal contra a Alemanha, foi remediada rapidamente pelo Penta de 2002.
12 de junho de 2019
Tite não nega a obrigação de conquistar o título, embora não tenha usado ainda o termo: foca acima de tudo no “agora” e inclusive usou o período iniciado a partir da eliminação no Mundial para fazer o seu ciclo pensando na Copa América. É o foco total, que reforça esta obrigação. Um eventual título conquistado em 7 de julho, no Maracanã, não transformaria o Brasil na melhor seleção. Mas remedia e fecha algumas feridas sofridas a partir de 2014 e que ainda estão abertas.