Em sua apresentação na Juventus, Cristiano Ronaldo disse que enquanto outros grandes jogadores vivem o ocaso de suas carreiras a partir dos 33 anos, ele, “diferente de todos os outros”, conseguiu fechar por um gigante europeu após quase uma década no Real Madrid.
E a verdade é que isso realmente acontece com a grande maioria dos jogadores. Levando em conta todos os craques que ganharam a Bola de Ouro desde 1998, isso aconteceu com seis dentre dez atletas.
OCASO CONFIRMADO Kaká, Bola de Ouro em 2007
Kaká tinha 33 anos quando vestiu a camisa do último clube de sua carreira, o incipiente Orlando City, da MLS estadunidense. Rivaldo trocava o Cruzeiro, por onde teve passagem apagada, e assinou pelo Olympiakos da Grécia. Bola de Ouro em 2001, o inglês Michael Owen saía do Manchester United para o seu último ano como atleta profissional no Stoke City.
Vestir a camisa de um clube gigante, mas que não entra como postulante aos principais títulos do futebol europeu (onde os jogadores vivem o auge de suas carreiras), também é cena comum. Ainda mais quando o atleta em questão retorna para o país-natal após décadas no exterior.
O retorno para casa, longe do 'suprassumo' do futebol
Foi aos 33 anos que Andriy Shevchenko voltou a vestir a camisa do Dínamo de Kiev nas últimas temporadas de sua carreira, por exemplo. Ronaldo, o Fenômeno, estava em seu penúltimo ano como jogador do Corinthians e Ronaldinho Gaúcho encontrou a última glória de sua carreira ao ser decisivo na campanha que deu o título da Libertadores ao Atlético-MG.
EXEMPLOS DE FIDELIDADE Zidane, em seus últimos anos como jogador do Real Madrid
Também existe o caso dos grandes ídolos que se aposentam nestes clubes gigantes da Europa. Foram os casos de Pavel Nedved com a Juventus, e Zidane no Real Madrid. Aos 33 anos eles já ingressavam na reta final de suas carreiras, não disputavam todos os jogos possíveis... mas ainda assim continuavam decisivos pelas equipes.
CANNAVARO, SEMPRE EXCEÇÃO Aos 33 anos, Cannavaro deixou a Juventus para e juntar ao Real Madrid
O primeiro caso que serve para contestar a afirmativa de CR7 fez exatamente o caminho contrário. Fabio Cannavaro foi exceção por ter sido um zagueiro que recebeu a Bola de Ouro em 2006 – graças à sua espetacular campanha na Copa do Mundo. E, aos 33 anos, deixou uma Juventus que acabara de ser rebaixada à Série B para defender o Real Madrid.
No entanto, esta exceção ao discurso de Cristiano em sua apresentação, precisa ser colocada em perspectiva: porque o título mundial da Itália foi exatamente o último grande ato de Cannavaro, pelo fato de defensores terem uma longevidade maior... e porque o zagueiro demonstrou que não conseguia mais atuar no mais alto nível.
FIGO, RETRATO DE CRISTIANO
A grande curiosidade é que a última vez que um grande craque, conhecido por suas jogadas no ataque, trocou um gigante europeu por outro aos 33 anos foi com Luis Figo. O maior astro português antes de CR7 deixou o Real Madrid para acertar com a Internazionale de Milão, da Itália.
No entanto, se Cristiano chega em uma Juventus que domina o futebol doméstico e sonha com uma Champions League, a Inter estava há 16 anos sem conquistar o Campeonato Italiano. Figo ajudou a mudar isso nos anos subsequentes.
Ou seja: existe razão nas palavras ditas por Cristiano Ronaldo em sua apresentação na Juventus, mas não é uma questão de toda absoluta.