Perto de estrear na Copa do Mundo Feminina, a Seleção Brasileira encara neste domingo (09), a Jamaica às 10h (Brasília), no primeiro desafio da competição que terá um gostinho a mais para o trio Marta, Cristiane e Formiga. As atletas que marcam gerações na modalidade podem entrar em campo juntas pela última vez em uma Copa e vão ter a oportunidade de afastar o “fantasma do vice” que tende a rodear o elenco comandado por Vadão.
Com as medalhas de pratas nos principais campeonatos, os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, o Brasil bateu na trave em três ocasiões com o trio presente em campo: nas Olimpíadas de 2004 e 2008, disputadas em Pequim e Atenas, respectivamente, e no Mundial de 2007, na China.
Agora, na busca pelo inédito título e o de maior expressão para a Seleção, as atletas encaram mais um desafio porém, desta vez, com um “gostinho” de despedidas, em especial, para Formiga. A jogadora de 41 anos disputará a 7ª Copa da carreira e entrará para a história do futebol ao se tornar a atleta que mais vezes jogou um Mundial entre homens e mulheres.
Frustração
O vice campeonato de 2007 para a Alemanha, mexe com as principais jogadoras da Seleção. A derrota por dois a zero colocou fim ao cobiçado ouro as meninas do brasil. E aquele fatídico 30 de setembro de 2007 guarda as piores recordações para Formiga e Marta.
Em entrevista ao "Blog Universa", do Uol, Formiga destacou que o principal desejo antes da aposentadoria é vencer a Copa do Mundo, e usou o vice de 2007 como exemplo: “Queria conquistar a Olimpíada e o Mundial. Isso sem dúvida. Eu gostaria muito de, antes de sair da seleção, ter conquistado esses títulos tão importantes, mas infelizmente eles não vieram. Mas acredito que a primeira prata [Mundial de 2007] nossa já serviu muito”.
Recomeço
Marta, por sua vez, carrega um peso ainda maior nas costas por conta da derrota naquele Mundial. Eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, a camisa 10 do Brasil errou uma cobrança de pênalti na finalíssima. Ainda assim, foi eleita a melhor jogadora e artilheira do torneio com sete gols.
Porém, o pênalti desperdiçado foi o que mais marcou a capitã da Seleção: “A gente fez uma ótima campanha, fez grandes jogos, mas o resultado final não foi o esperado. E é isso que as pessoas lembram. É isso que a gente vai lembrar também e vai sempre se cobrar. Só nascendo de novo para esquecer esse episódio”, disse em entrevista ao Olympic Channel.
Agora, com a edição na França, a artilheira vê uma nova oportunidade de alcançar o topo do mundo e levantar o tão sonhado troféu: “É mais uma oportunidade. É dessa maneira que eu enxergo. Deus está me dando mais uma vez a oportunidade de jogar uma Copa do Mundo, de lutar por esse sonho, que não é só da Marta atleta, mas da Marta torcedora, da Marta que quer ver o futebol feminino no país dela cada vez melhor".
Depressão
Os vice-campeonatos mexeram com as jogadoras além da vida profissional, como por exemplo com Cristiane. Recentemente, a atleta do São Paulo revelou ter sofrido depressão após a queda nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Durante a competição, Cristiane sofreu uma lesão na coxa direita no segundo jogo com o Brasil, a contusão abalou ainda mais o emocional da jogadora que passava por um momento complicado na vida pessoal. A volta para os gramados ocorreu na semifinal diante a Suíça. O Brasil acabou perdendo a vaga à final no pênaltis, e Cristiane errou uma das cobranças.
“O professor fez a lista para bater pênalti e eu levantei a mão porque queria ajudar. Eu sempre quero ajudar, fazer. Talvez não fosse o momento para participar daquilo. O estádio estava lotado, o Brasil inteiro estava apoiando, esperando que você fizesse aquilo e aí quando eu errei só senti um negocio assim... O que eu fiz?”, revelou em entrevista ao Uol.
“Nos últimos 4 anos, eu só pensava em uma medalha olímpica no Brasil. Eu criei uma expectativa enorme em cima daquilo, em cima de mim mesma. Só que estalou o dedo e foi embora. Tudo acabou praticamente em dois jogos por causa da lesão na coxa direita”, e seguiu. “Eu não sei explicar o que uma pessoa com depressão sente. Não tem palavra que descreva. É um vazio. Não dá vontade de comer, de dormir, não dá vontade de fazer nada. Só chorar, chorar, chorar. Eu chorava 24 horas por dia, sozinha, afundada no sofá.”
O trio conquistou os principais títulos do país na modalidade, as medalhas de ouro nos jogos Pan-Americanos de 2007 disputado no Rio de Janeiro, no Pan de 2015, em Toronto, e ouro na Copa América em 2018, no Chile. Símbolos do engajamento feminino no esporte Marta, Formiga e Cristiane são consideradas por muitas meninas que estão em início de carreira ídolos dos gramados. Ao lados das atletas brasileiras, as jogadoras são a esperança do Brasil na Copa do Mundo de 2019.