Deyverson põe Palmeiras em nível europeu e aposta em 3 a 0 na final da Libertadores

O atacante Deyverson é daqueles jogadores que curtem as brincadeiras, as provocações e o clima dos grandes jogos. Mesmo emprestado ao Alavés, da Espanha, ele foi às redes sociais comemorar a goleada do Palmeiras, com quem mantém contrato, sobre o Corinthians. "4 x 0 - Aí é f... Palmeiras passando por cima", escreveu.
Foi exatamente no dérbi, em 2018, que Deyverson fez um de seus gols mais importantes pelo clube, na vitória por 1 a 0 em meio à arrancada para o título brasileiro. Um mês depois, ele marcou também contra o São Paulo, encerrando o tabu de vitórias palmeirenses no Morumbi. Por fim, na penúltima rodada, fez o gol do título contra o Vasco, em São Januário.
Nessa entrevista ao portal 'Goal', Deyverson fez elogios ao Palmeiras, arriscou uma vitória por 3 a 0 na final da Libertadores, contra o Santos, e voltou a admitir o sonho de atuar pelo clube de coração, exatamente o Vasco, vítima do gol mais importante de sua carreira.
Goal - Vamos começar pela Espanha: como foi sua readaptação para jogar na Liga Espanhola, qual foi o grande diferencial, o grande choque quando você voltou?
Deyverson - Na verdade, aqui na Espanha eu sou um pouco mais conhecido que no Brasil, porque eu fiz minha carreira na Europa. Seis anos aqui. Então as pessoas me conhecem um pouco mais. Sou brasileiro, claro, carioca, mas eu vim muito cedo. E voltar para a Liga Espanhola para mim é um grande privilégio, uma honra. É uma liga muito importante, tem clubes como Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madri, o universo todo está ligado nos jogos e a intensidade do jogo é totalmente diferente do Brasil. Já me adaptei bem, estive aqui em 2016 no Alavés, joguei também pelo Levante e pelo Getafe, então já tive uma trajetória muito boa. Poder voltar a um clube onde tenho um carinho muito grande, onde as pessoas me recebem muito bem e tenho muitos amigos, é uma honra.
Goal - Você tem alguma meta para a temporada, você estipula alguma coisa em termos de gols ou participações em gols? Como você define seu momento agora no Alavés?
Deyverson - As pessoas até me criticam um pouco, de ser um centroavante que não tem muito gol, mas eu sempre deixei bem claro que eu sou um centroavante que trabalho bastante, que ajuda os companheiros. Claro, eu preciso de gol para almejar coisas maiores, mas eu sou um cara que ajudo muito a equipe, trabalho muito com meu físico na parte defensiva, não sou um centroavante que fica parado dentro da área, mas um que se disponibiliza para ajudar os companheiros dos lados, no meio-campo. Mas a meta é fazer mais gols, eu só tenho gol na Liga até agora. Também não joguei muitos jogos com o outro treinador, tive algumas oportunidades onde fiz o meu melhor, mas agora com o treinador novo eu espero ter mais oportunidades e voltar a fazer os meus golzinhos e ajudar a equipe a somar os pontos. A equipe não vai muito bem, mas também não acho que está tão mal, estamos ali, irregulares, e espero que possamos dar um passo à frente e começar a ganhar jogos.
Goal - Vamos falar do Brasil. Você comentou a vitória do Palmeiras sobre o Corinthians no clássico... Como tem sido sua relação com os jogadores, tem trocado ideias com a turma?
Deyverson - Tenho muito carinho pelo Palmeiras porque foi o clube do Brasil que abriu as portas para mim. Tem aqueles torcedores que ainda dão uma criticada, mas é normal, torcedor é apaixonado, mas com o elenco do Palmeiras tenho muita amizade, sim. Até com os meninos da base que subiram e estão fazendo um trabalho excelente, surreal. Até parabenizar os meninos, eu tive com eles e falava que eles iam ter a oportunidade. E até na seleção o Gabriel Menino chegou, fico muito feliz, tenho muita amizade com ele, com todos, com o Patrick de Paula, que mora onde eu moro também. E fico feliz de o Palmeiras estar chegando onde tem de chegar. É um clube muito grande, de muita história. E eu entrei nessa história também, fico muito feliz em ter feito o gol do título, com ajuda de todos meus companheiros, do Felipão, do Paulo Turra, do Carlão [Paulo Turra e Carlos Pracidelli eram da comissão do técnico Luiz Felipe Scolari]
Goal - E você está gostando do time do Abel Ferreira? Ele tem sido muito elogiado aqui no Brasil. Logo que chegou o time começou a jogar bem, ganhar bem os jogos, agora venceu o clássico. O que você tem achado?
Deyverson - As pessoas pensaram que só o Jorge Jesus ia fazer um trabalho excepcional como fez no Flamengo. E pensaram que 'ah, agora todo mundo está achando que o estrangeiro vai vir aqui e fazer isso e fazer aquilo'. Está aí, a prova dos faladores. As pessoas falam muito e precisam esperar o momento de cada um. Então o Abel chegou para mudar a cara do Palmeiras, como o Felipão também chegou aquela vez e mudou, e fomos campeões brasileiros. Agora é o Abel fazendo um trabalho espetacular, na final da Copa do Brasil, da Libertadores e bem no Brasileiro. E espero que ele continue assim, dou meus parabéns para ele. Meus companheiros falam que ele é uma grande pessoa, um grande treinador, e espero que ele continue fazendo esse bom trabalho para entrar na história do Palmeiras – e tenho certeza que já entrou, metendo esse 4 a 0 no Corinthians ele já entrou, com certeza.
Goal - Tem uma briga boa no time para a final da Libertadores. Você no Palmeiras jogou muitas vezes com três na frente: Dudu de um lado, Willian do outro e você de 9. E às vezes jogou com dois também, você e Willian, você e Dudu. Qual é seu pitaco? Willian tem que jogar, você gosta de jogar com dois pontas, você gosta de dupla de ataque?
Deyverson - Sou suspeito para falar porque são todos meus amigos . Tanto Willian quanto Luiz Adriano. Eu não conheço o Rony, mas já vi jogar no Athletico-PR. Mas para mim eu colocaria o Willian e o Luiz Adriano para não ter problema, para não ficar nem com um nem com outro. São dois grandes jogadores , tenho muita admiração e carinho, sou grato demais pelos conselhos que me deram e me dão. O mais importante é que possam ser campeões, comemorar esse título. Fico feliz demais.
Goal - Em 2018 você viveu algo parecido, de jogar duas competições – agora são três. E o Felipão tinha um esquema diferente, ele mudava praticamente os 11. Tinha jogo que você jogava os 90 minutos, e depois ficava no banco. Agora o Abel tem uma impressão diferente, vai mesclando, às vezes poupa, segura alguém. Como fica o jogador quando tem várias competições? O cara se concentra jogo a jogo ou é natural estar ansioso para o dia 30?
Deyverson - Todos que estão no elenco dum time grande como o Palmeiras sabem que em algum momento ele vai jogar os 90, e em outro não vai. São jogadores grandes, com qualidade, com currículo, então não tem que ficar chateado, frustrado, é continuar trabalhando. É normal dar aquele frio na barriga, tem Libertadores agora, Copa do Brasil, duas finais importantes... Então não tem como o jogador estar em todos os jogos com a mesma frequência, às vezes sente uma dor, se lesiona. Então é muito boa essa forma que ele vem fazendo com o grupo, porque assim o jogador pode dar 100%.
Goal - Muito se fala da diferença de nível do futebol brasileiro para o europeu. Como você vê o Palmeiras? Imaginar o Palmeiras jogando Campeonato Espanhol... Dá jogo? É muito diferente?
Deyverson - As pessoas vão falar que é porque tenho contrato com o Palmeiras ainda, que o Palmeiras abriu as portas, não é isso. Eu estive dentro do Palmeiras os três anos e eu vi que o Palmeiras tem uma qualidade tremenda para jogar qualquer liga, tanto a espanhola quanto da Inglaterra, da Alemanha. São jogadores que já foram rodados, jogaram na Europa também, sabem o nível. O Palmeiras é muito grande. Eu estive ali dentro e vi que o Palmeiras é muito grande. Cada um vai dar um palpite, mas eu que vesti aquela camisa que pesa bastante, eu sei que o Palmeiras tem a qualidade e potencial para jogar qualquer liga.
Goal - Qual seu pitaco para a final da Libertadores no Maracanã? Você sempre gostou de clássico, sempre apareceu bastante em semana de clássico, imagino que para o jogador é bom ter uma final contra o Santos também.
Deyverson - Vai ser um jogo bem disputado . Tenho um grande carinho pelo Cuca também, foi quem me levou para o Palmeiras junto do Alexandre Mattos. Mas jamais ficaria em dúvida de que o Palmeiras vai ser o campeão. Tenho certeza que vai ser. Com todo respeito ao Santos, tem pessoas que estão lá e já trabalharam comigo também, o Omar que é preparador físico, a Alessandra, nutricionista, o Cuca, o Cuquinha, mas minhas fichas todas no Palmeiras campeão . Dois a zero, Rony e Luiz Adriano. Ou três a zero, Raphael Veiga, o Veiga também está atropelando.
Goal - Vamos para o Rio de Janeiro, falar do Vasco. Em que pé está essa vontade de jogar no Vasco? É vontade, é só uma paixão de torcedor? Já pensou nisso mais seriamente?
Deyverson - Não é vontade, é sonho. Eu desde pequeno tinha aquela dúvida de quem time eu iria torcer. Quando é criança você vai na família, na empolgação, e meu pai estava desesperado, sozinho. Eu não tinha time, e minha mãe falou, 'filho, fica com o papai porque ele não está muito bem e pode ter um infarto, morrer, entendeu?'. E desde aí eu comecei a torcer para o Vasco, aquele amor, aquela paixão que nunca escondi de ninguém. Todo mundo tem seu time, se todo jogador que joga no Palmeiras falar que é palmeirense, é mentira. Isso não quer dizer nada, jogamos contra o Vasco lá e fiz o gol do título, mas defendo minhas cores. Tenho o sonho de um dia poder jogar no clube do meu coração, uma felicidade para mim e para meu pai e os amigos vascaínos. E também estar na minha cidade, eu moro ali perto. Mas o pensamento neste momento está aqui na Europa, deixar na mão de papai do céu e do meu empresário.
Goal - Pensando na Espanha, em São Paulo e no Rio de Janeiro, qual a grande rivalidade do futebol para você? Qual o jogo que te pega, qual aquele time que você escolheria para fazer o grande gol de sua vida?
Deyverson - Joguei no Alavés aqui e não tinha clássico como é Vasco x Flamengo e Palmeiras x Corinthians. Não joguei no Vasco ainda e não tenho como falar de lá. Joguei no Levante e não teve clássico, joguei no Getafe e não teve clássico, onde joguei e teve? Palmeiras. E onde eu fiz o gol? No Corinthians. Então foi o clássico que eu vivi. 'Ah, você só fez um gol no Corinthians e fica falando?'. Mas eu fiz. E não foi 1 a 1, foi 1 a 0. Foi o gol da vitória, e no ano que a gente foi campeão. Isso tem no futebol. Vamos zoar, vamos brincar, se não tiver isso, futebol acaba. É só uma brincadeira, as pessoas não podem ficar bravas, ficar ameaçando família por trás de fake, que você vai ver... Não tô querendo discutir com ninguém. Somos seres humanos. Quando o Corinthians ganha, zoa o Palmeiras, e por que quando o Palmeiras ganha não pode ter a brincadeira? Isso não leva a nada. Vamos curtir, brincar, o dia que o Palmeiras perder vocês vão brincar da mesma forma. Então assim: eu tenho gol no Corinthians, um clássico, e o clássico mais importante para mim é o Palmeiras x Corinthians.