Marcão fez o início da sua carreira em clubes do interior de São Paulo e de Santa Catarina, mas é do outro lado do mundo que, aos 24 anos, vem brilhando e sendo, inclusive, considerado um dos principais atletas do Gyeongnam e do futebol sul-coreano. Com incríveis 22 gols em 32 jogos em 2017 e 10 em 13 duelos na atual temporada, o atacante brasileiro foi o artilheiro da divisão de acesso no ano passado e agora é o segundo maior goleador da elite do futebol do país.
Todo esse sucesso, aliás, faz com que Marcão seja visto como possível jogador da Coreia do Sul na Copa do Mundo de 2022, no Catar. No entanto, para isso, o jogador precisaria seguir atuando por pelo menos mais três temporadas no país asiático e essa não é sua ideia principal. Em entrevista exclusiva à Goal Brasil , o brasileiro revelado no Ituano não descartou a ideia, mas deixou claro que o seu maior sonho é jogar na Europa e até quem sabe estar no próximo mundial vestindo a camisa da seleção do seu país.
“Fiquei sabendo dessa história de me naturalizar por alguns jornalistas. Isso me deixou muito feliz, mas meu maior sonho ainda é jogar na Europa e porque não sonhar até com uma convocação para a Seleção Brasileira. Se chegar algo vou estudar e ver o que é melhor. Se isso não acontecer ou decidir que é melhor ficar na Coreia do Sul sei que tenho as portas abertas para completar cinco anos no país e poder trocar de nacionalidade. Não descarto nenhuma possibilidade”, declarou.
Apesar de ter saído cedo do Brasil, um momento vivido quando estava começando no Ituano marcou Marcão e serviu como incentivo para seguir sua carreira. O jogador que estava subindo para os profissionais ganhou elogios de Neymar após duelo com o Santos pelo Paulistão de 2013.
“Como estava começando a jogar bola foi um incentivo. Fiquei muito feliz de ter esse reconhecimento de um craque e isso me estimulou a seguir em frente. Na época ele já era um dos melhores jogadores do Brasil. Hoje é o principal não só do nosso país, mas tenho certeza que em breve será o melhor do mundo”, relembrou.
Marcão vem aproveitando muito bem a oportunidade na Coreia do Sul, mas o início não foi nada fácil para se adaptar a cultura, ao clima e principalmente a apimentada comida do país asiático.
“A adaptação foi um pouco complicada no início. Além do frio e da dificuldade com o idioma porque não sabia falar quase nada de inglês, aqui eles comem muitos frutos do mar e usam muito pimenta. Passei um tempo comendo só bobagem... Demorei um pouco para me acostumar, mas aos poucos fui me adaptando. Hoje, graças a Deus, estou feliz. As coisas estão acontecendo bem, venho fazendo boas partidas e marcando muitos gols”, contou.
Já conhecedor do estilo de jogo sul-coreano de atuar, Marcão acredita que a Coreia do Sul tem condições de surpreender na Copa da Rússia e fazer a alegria dos fanáticos torcedores do país mesmo tendo caído num grupo complicado com Alemanha, México e Suécia.
“Em uma Copa do Mundo tudo pode acontecer. Claro que as outras equipes são fortes e os coreanos tem consciência de que será muito complicado, mas o futebol é uma caixinha de surpresas. A Argentina, por exemplo, empatou com a Islândia. Em 2002 mesmo a Coreia do Sul surpreendeu muita gente, então tudo pode acontecer”, ressaltou lembrando-se da histórica campanha, quando, apoiado por sua torcida, chegou à semifinal do torneio disputado em casa e no Japão.
“Lá eles ligam bastante para Copa tanto que pararam o campeonato. Estavam comentando e combinando festas nos dias dos jogos. São muito fanáticos, apaixonados pela seleção. Acho que a diferença para o Brasil é que a pressão lá é bem menor. A torcida apoia ganhando ou perdendo”, completou.
Basquete ou futebol? A difícil decisão tomada por Marcão
Hoje considerado um dos melhores jogadores do futebol sul-coreano, Marcão precisou tomar uma difícil decisão ainda na adolescência. Escolher entre o futebol e o Basquete, que passou a jogar aos 11 anos para se aproximar do pai e acabou se tornando seu esporte predileto.
“Joguei futebol até os 11 anos, mas depois larguei e fui para o basquete porque meu pai era treinador. Meus pais eram separados e não tinha muito contato com ele. Para nos aproximarmos fui jogar com ele em Tietê (interior de São Paulo). Foram cinco anos atuando como armador, porque era baixinho. Hoje sou grande, mas naquela época ainda era menor (risos)”, afirmou.
“Certo dia, o Toninho Oliveira, que jogou no Santos, me pediu para jogar um amistoso em Itu. Acabei indo bem, fazendo gols e surgiu a chance de me profissionalizar. Fiquei entre o basquete para ficar mais próximo do meu pai, ou o futebol para ajudar minha mãe. Acabei escolhendo jogar bola. Embora até hoje goste mais de basquete, agradeço a escolha que fiz porque posso ajudar minha mãe”, acrescentou.
E a escolha foi acertada. Além de ajudar a mãe na questão financeira, Marcão está feliz e vem entrando para a história do Gyeongnam com uma campanha surpreendente. A modesta equipe está no G-4 da Liga Coreana.
“Fomos muito felizes de conseguir o acesso e o título no ano passado, mas sabíamos da dificuldade que seria jogar na primeira divisão. Nossa equipe é uma das mais modestas do campeonato e a campanha que a gente vem fazendo está sendo surpreendente. Estamos entrando para história do clube. Título sabemos que é difícil, mas se conseguirmos uma vaga na Champions da Ásia já será uma grande conquista para o clube e para nós jogadores”, finalizou.