A dura derrota por 7 a 1 para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, ainda não deixou de ser assunto para Luiz Felipe Scolari. Quase seis anos depois do ocorrido, o técnico, atualmente sem clube, conversou com o site Yellow and Green Football e revelou que foi para o vestiário já ciente da eliminação.
"No intervalo, eu disse: Assumam posições defensivas de organização tática, com calma, porque não é possível virar um 5 a 0 em um jogo internacional. Posicionamentos, correções, vamos ver se conseguimos deixar mais equilibrado. Já foi. Infelizmente, aconteceu. Todos têm que assumir a sua responsabilidade e é isso", disse.
Apesar de não negar o vexame, o treinador por outro lado demonstrou mágoa pela repercussão após a partida.
"Foi a maior bomba, o maior desastre que a seleção já sofreu. Em 1950, perderam, foi um desastre, mas foi por 2 a 1. O número de gols foi diferente. Eu era a pessoa mais intimamente associada ao desastre. Sou até hoje. Fui eu que assumi a maior parte da culpa. Quando o Brasil venceu em 2002, eu não era o maior herói. Todos eram heróis. Eu esperava que todos nós fossemos culpados, que a imprensa reconhecesse que o Brasil perdeu. Mas não foi assim", desabafou em entrevista ao The Guardian.
Questionado sobre o atual momento da seleção brasileira sob o comando do técnico Tite, Felipão acredita que estão seguindo o caminho certo.
"Eu acho que estão indo na direção certa, porque estão trabalhando, têm organização, se identificam com o projeto que acham correto. Se a diretoria, o técnico, o staf pensam que essa é a direção certa, como alguém de fora pode dizer que estão errados? Eles sabem melhor. Eles estão fazendo do jeito deles", apontou.
Sem clube desde a saída do Palmeiras, no ano passado, Felipão descartou a aposentadoria e revelou que pretende comandar uma equipe fora do Brasil, após a pandemia do novo coronavírus.
"Eu gostaria de treinar um time fora do Brasil. Na América do Sul, nos Emirados Árabes, Catar, China. Eu recebi uma proposta da China no fim do ano passado", concluiu.
Outros pontos da entrevista
Flamengo de Jorge Jesus
"Eles estão organizados e fizeram uma grande campanha. Jorge Jesus os organizou de uma forma que os jogadores se encaixaram naquele sistema. É difícil encontrar um time no Brasil que seja semelhante".
"O campeonato é longo, há muitas dificuldades no Brasil. Eles vão passar a temporada facilmente, mas eles estão em forma excepcional. Diferente de qualquer outra equipe nos últimos 15 anos no Brasil. Todos estão jogando com confiança, objetividade e seriedade. Isso é importante. O mérito é da diretoria, Jorge Jesus e sua equipe técnica, além dos jogadores, que têm esse entendimento e estão no caminho certo".
Penta com a seleção brasileira em 2002
"Nossos médicos foram fundamentais. As pessoas pensam que pelo Brasil ter qualidade, os jogadores não precisam de cuidado, mas não imaginam o quanto nossos médicos foram importantes, nosso sistema de logística foi bem organizado. Não devemos esquecer que o Ronaldo não estava jogando na Itália. Os médicos do clube disseram que era improvável que ele jogasse. Mas nosso médico, o Dr. Runco, garantiu que ele estaria pronto", disse.