Nos últimos anos passou a ser convencional se referir a algum time acompanhado com o nome de seu treinador: equipe de fulano, de cicrano e por aí vai. É uma tentativa de englobar, através de uma espécie de sobrenome, o trabalho do comandante em questão no clube que o contratou. Quando falamos em Flamengo de Jorge Jesus, por exemplo, é um conceito bem explicativo: afinal de contas o Rubro-Negro passou a ser outro a partir do momento em que o português chegou à Gávea.
O jogo de equipe ganhou força e intensidade num ritmo que não é acompanhado por nenhuma outra equipe brasileira. Ajuda a explicar a diferença de oito pontos do Rubro-Negro na liderança do Brasileirão, após 25 rodadas, e o favoritismo para voltar a disputar uma final de Libertadores. Que o coletivo tem funcionado quase a perfeição, é inegável, e quando tudo parece dar certo o todo ajuda a estipular marcas importantes para o individual.
É algo que está acontecendo neste Flamengo de Jorge Jesus. Praticamente todos os jogadores que já estavam no clube antes de sua chegada subiram de produção. Não apenas em relação ao que vinham apresentando durante a temporada, mas considerando até mesmo as suas carreiras como um todo.
Diego Alves foi o mais recente exemplo. O goleiro deixou a Arena da Baixada aclamado como craque da vitória por 2 a 0, mesmo com Bruno Henrique anotando dois gols, para, após 45 anos, fazer o rubro-negro carioca superar o paranaense em jogos de Brasileirão. Contra o Furacão, o camisa 1 bateu o seu recorde de defesas (5) em um jogo no qual não sofreu gols sob o comando do treinador português.
“O grupo está de parabéns, o Mister está fazendo um trabalho espetacular. Todos têm uma confiança muito grande, ele consegue tirar o melhor de cada jogador. E quando isso acontece, conseguimos vencer partidas importantes”, disse Diego para a TV Globo após o triunfo.
Arrascaeta faz o seu melhor Brasileirão
Contratação mais cara da história flamenguista, Arrascaeta é outro que, sob o comando de Jorge Jesus, subiu de produção e igualou, com número considerável de jogos a menos, uma vez que o Brasileirão ainda está em curso, as suas melhores campanhas de Série A. Em 2019, o uruguaio é líder de assistências do torneio (8) e ainda marcou dez gols. Ou seja, participou diretamente de 18 tentos, mesma quantidade que acumulou em 2016, em sua temporada mais prolífica na primeira divisão – quando ainda defendia as cores do Cruzeiro.
A noite mágica de Vitinho no Maracanã
Com a lesão sofrida por Arrascaeta, nos últimos jogos a vaga na meia-esquerda tem sido ocupada por Vitinho. Pelo histórico recente, no qual não havia conseguido atingir às grandes expectativas nele depositadas, o torcedor ganhou motivos para se preocupar. Entretanto, o atacante foi decisivo nos 3 a 1 sobre o Atlético-MG, na 24ª rodada, e em meio à noite de protagonista, com gol e assistência, deixou o gramado ovacionado e com números que jamais havia conseguido na Série A.
Gabigol e Bruno Henrique
A dupla de ataque simboliza bem a força do Flamengo atual. Em 2019, Gabigol acumula 32 gols, o melhor número de sua carreira. Apenas no Brasileirão, é artilheiro isolado com 18 tentos, sendo 13 deles marcados desde a chegada do português.
Bruno Henrique tem 11 gols neste Brasileirão, onde é o atual vice-artilheiro. Sete destes tentos foram sob o comando de JJ. Tanto Bruno quanto Gabriel já receberam chances na seleção brasileira.