Depois de uma noite de sonho em Inglaterra, uma nova meia-final chegou, desta vez em Amesterdão. O Ajax partia em vantagem conquistada pelo tento solitário de Van de Beek em Londres na passada semana.
Para além da vantagem no marcador, os de Ten Hag partiam em vantagem no apoio por jogarem em casa. Depois de eliminarem o Real Madrid, atual tricampeão da Champions e a favorita Juventus, o sonho dos pequenos holandeses chegarem à final estava a apenas 90 minutos.
Do outro lado, o Tottenham já nada tinha a perder. Depois da derrota em casa, o ataque seria a melhor arma para conseguirem alcançar a tão esperada final. Depois do City, o Ajax era o único entrave pelo caminho e não havia nada a temer depois do dano sofrido no seio "spur".
O Tottenham contava com a mais-valia do regresso de Son que não pôde estar na primeira mão devido a castigo. O Ajax, por sua vez, continuava com todos os efetivos preparados para o encontro... pelo menos até ao aquecimento.
David Neres, que estava no onze inícial ficou de fora depois de se queixar com dores musculares. O jogador foi a primeira dor de cabeça de Ten Hag que lançou Dolberg para o seu lugar.
O encontro começou quente e com De Ligt a repetir a dose do encontro dos quartos-de-final frente à Juventus. Aos cinco minutos o Ajax vê um canto a seu favor ser marcado. A bola voa para a área e o capitão dos holandeses salta mais alto que todos para fazer o 1-0.
O Tottenham tentava criar espaço na frente de ataque mas Onana estava muito acertivo, mostrando porque é que a equipa estava nas meias-finais. Depois de oportunidades para os "spurs", Ziyech pensou ter sentenciado a eliminatória.
Aos 36' Tadic completamente sozinho na área cruza para o meio para Ziyech que aparece para rematar cruzado à meia-altura e marcar um grande golo a favor do Ajax. Estava feito o 2-0 no encontro e o 3-0 na eliminatória.
Até ao final da primeira metade o domínio era vermelho e branco, com o Tottenham a não conseguir estabilizar depois do segundo golo holandês e a não conseguir criar perigo.
Com o descanso a certeza de que os ingleses teriam que mostrar a sua melhor versão para conseguirem ultrapassar esta eliminatória. Eram precisos três golos e a tarefa esperava-se muito difícil.
Mas o Tottenham entrou com tudo e logo aos 50' Dele Alli obriga Onana a uma grande defesa. Cinco minutos depois, o mesmo Dele Alli dribla vários adversários e deixa a bola para Lucas Moura na frente. O brasileiro não falha e faz o 2-1 no marcador. Reabre-se a eliminatória.
Quatro minutos depois, o mesmo Lucas Moura faz o segundo golo a favor dos "spurs". Llorente rematou para grande defesa de Onana. O guarda-redes ainda tentou agarrar a bola mas atrapalhou-se com Schöne e Lucas Moura chega e rouba o esférico para rematar para o fundo da baliza do Ajax. Está feito o 2-2 no marcador.
O Ajax entrou demasiado relaxado na segunda metade e o Tottenham aproveitou os erros holandeses para reabrir completamente a eliminatória.
O encontro ficou mais balançado e os pequenos holandeses voltaram a pressionar e a procurar o golo mas os ingleses faziam o mesmo e sabia-se que a qualquer momento a eliminatória poderia ficar decidida ou poderia haver nova reviravolta.
Aos 79' Ziyech teve a decisão da eliminatória nos pés mas o poste salvou o Tottenham. Aos 87' foi a vez de Vertonghen cabecear ao poste.
Os sustos continuavam a chegar a pressão era muito grande. Um verdadeiro final impróprio para cardíacos. E já no tempo de compensação o sonho holandês foi desfeito e por um herói completamente improvável. Lucas Moura, outra vez, Dele Alli ganhou na disputa com a defesa do Ajax e serviu o brasileiro que ganhou espaço e rematou de esquerda num pontapé que valeu o empate na eliminatória e a final ao Tottenham.
O herói improvável, Lucas Moura, mostrou aos seus companheiros o caminho para a final ao assinar um hat-trick de loucos. Uma final inglesa em que as equipas da Terra de Sua Majestade tiveram muito trabalho e deram à Europa e ao Mundo bons motivos para gostar de futebol. Duas reviravoltas que mostram que o provável nem sempre acontece.
Por seu lado, o Ajax, vê o seu sonho destruído. Deixaram pelo caminho grandes equipas e quando ninguém apostava numa equipa de miúdos mostraram ao mundo o porquê de gostarem de jogar futebol. Mostraram a sua paixão pelo futebol e a suprema qualidade com que tratam o esférico.
O futebol é isto e até ao último minuto ninguém é vencedor. A Europa despede-se de uma grande equipa liderada por um miúdo de 19 anos (De Ligt) completamente apaixonada pelo futebol deles.
Quando a Pochettino e os seus pupilos, o Liverpool já está à espera para uma final totalmente inglesa na capital espanhola a 1 de junho, onde apenas um poderá sagrar-se o campeão dos campeões.