Ao longo de todo o ano, um dos principais temas no Corinthians – se não for o principal – é o setor de criação. Encontrar um meia que consiga dar maior criatividade, deixar os atacantes em situações melhores para estufar as redes. Não tem sido fácil, e Fábio Carille também não conseguiu, por causa de lesões, fazer os testes que desejava na intertemporada em meio à Copa América.
Mas, como diz o ditado popular, se “quem não tem cão, caça com gato”, um time que não encontra o seu meia ideal pode achar a solução em um atacante de grande mobilidade, que consiga preencher diversos setores do campo de maneira dinâmica. Do alto de seus 35 anos, Vagner Love tem sido este cara no Corinthians 2019.
Nesta quinta-feira (25), o camisa 9 deu a assistência para Clayson abrir o placar contra o Montevideo Wanderers e embora não tenha sido tão decisivo no tento anotado por Pedrinho, que sacramentou os 2 a 0, deixou o gramado da Arena Corinthians como jogador que mais criou chances para seus companheiros [4, segundo a Opta Sports].
A ironia é que, embora seja um atleta com histórico no Corinthians e aqui no futebol brasileiro, Love não retornou ao Timão, após um período na Turquia, com a vaga de titular garantida: Gustagol e Boselli, na teoria, largariam com vantagem na disputa para serem escalados como referência. Só que o atacante que leva a competência em seu apelido se lesionou, enquanto o argentino não conseguiu engrenar. Love, pela característica de rodar mais o campo de forma dinâmica, sem deixar de apresentar-se como opção dentro da área, foi quem ganhou espaço.
Levando em consideração todas as competições, já soma seis gols – quatro a mais do que Boselli e três a menos em relação a Gustagol. Entretanto, participa muito mais das ações ofensivas, se aproximando dos meias e os ajudando na construção de jogadas até as cercanias da área oposta. No Brasileirão, por exemplo, toca na bola quase duas vezes mais, em média por jogo, do que os outros dois atacantes.
Considerando os jogos do Corinthians na Copa do Brasil, Sul-Americana e Campeonato Brasileiro é quem mais teve toques dentro da área [67, segundo a Opta Sports] , e só não criou mais oportunidades [14] do que Sornoza [42], Clayson [26] e Pedrinho [15] quando consideramos os jogadores do meio para a frente – mas é o único em que todas estas jogadas foram com bola rolando.
Se Carille buscava um meia para otimizar os seus atacantes, é um de seus atacantes que tem mais ajudado os meias. De qualquer forma, o Corinthians vem apresentando melhora ofensiva desde o retorno pós-Copa América e tem uma excelente vantagem para avançar às quartas de final da Copa Sul-Americana.