Ainda que a Inglaterra pudesse consolidar a sua melhor campanha após o título de 1966 caso vencesse a Bélgica na disputa de terceiro lugar, o time treinado por Gareth Southgate não entrou no gramado de São Petersburgo para fazer história neste sábado (14). Entrou para dar mais um indício de que dias melhores virão para os Três Leões – campeões dos mundiais sub-17 e sub-20.
Caso contrário ao dos belgas, cujo melhor desempenho em Mundiais havia sido a quarta colocação em 1986. A conquista do bronze, após vitória por 2 a 0, foi o degrau mais alto já atingido pela seleção dos ‘Diabos Vermelhos’, que ditaram o ritmo do jogo sem precisar de tanta intensidade contra uma Inglaterra cheia de mudanças e em ritmo de treino.
Do time-base que superou as expectativas na Rússia, Southgate fez cinco alterações: Phil Jones substituiu Kyle Walker na zaga, Rose entrou na vaga de Young na ala-esquerda e o meio-campo foi absolutamente alterado - saíram Lingard, Henderson e Ali para as estradas de Loftus-Cheek, Dier e Delph.
Dentro de campo, o gol marcado por Meunier logo aos 4 minutos definiu o desenho do jogo: ingleses atacando e belgas contra-atacando. Por isso a maior posse de bola para a equipe de Southgate. Mas os números, inclusive os de finalizações, maiores para o ‘English Team’, não explicaram como foi o embate. Porque se havia um time buscando algo a mais, era a Bélgica. E conseguia fazer isso melhor por ter uma equipe superior – como o próprio treinador inglês reconheceu após o apito final.
A seleção belga atingiu um novo ápice (Fotos: Getty Images)
Kane, mais uma vez mal em campo, não levou perigo para Courtois e o goleiro Pickford voltou a mostrar por que é um dos melhores desta Copa. Só que isso não impediu o segundo gol, feito por Eden Hazard, que deu à tão ironizada geração belga a honra de bater no peito para dizer que escreveu um novo auge na história do selecionado nacional.
À Inglaterra, campeã do mundo em 1966, seria o apêndice de um indício que aponta dias melhores. Difícil arranjar mais ânimo para uma disputa de terceiro lugar, que não representaria um novo ápice para os ingleses. Ainda mais com ‘apenas’ US$ 2 milhões na diferença de premiação dada pela FIFA aos times que entraram em campo neste sábado (14) - US$ 24 milhões foram para os belgas, US$ 22 mi para os ingleses.
Ídolo do Tottenham, clube que mais cedeu jogadores para esta seleção de 2018 (5 atletas), Danny Blanchflower disse um dia que “este jogo é sobre a glória, sobre fazer as coisas com estilo e floreio, sobre sair e derrotar os desafios. E não esperar que eles morram de tédio”. O jogo deste sábado foi, de fato, entediante. Mas o futuro da seleção inglesa, ao menos, pode honrar a famosa frase de Blanchflower.
Em 2018, a Inglaterra mostrou ter engolido a sua arrogância – até mesmo na hora de escolher um 5-3-2 como sistema tático. Quer se acostumar a disputar os grandes jogos. Por isso, o time de Harry Kane, Pickford e Maguire representou a faísca de um sonho: ver o país que inventou o ‘Beautifull Game’ voltar a ser grande.