A final estrelada, o Maracanã com 25 mil corintianos, Romário em campo, domínio brasileiro, piada dos rivais... o Mundial de Clubes de 2000 é pauta já bastante conhecida entre os brasileiros, minimizado pelos adversários de Corinthians e Vasco, exaltado pelos dois finalistas do torneio, 20 anos atrás. Mas o que pensam os outros participantes do torneio? Um jornalista inglês resolveu responder isso e dar a sua visão sobre a competição.
Andy Mitten, editor de um site especializado em notícias do Manchester United, contou em coluna na consagrada revista Four Four Two como foi a sua experiência no Rio de Janeiro. O texto retrata com bom humor o péssimo desempenho dos ingleses e traz muitos elogios ao torneio.
Centrado na primeira parte na experiência de conviver com os atletas em um hotel na praia de Copacabana, Mitten explica que algumas centenas de torcedores encararam a viagem para o Brasil e receberam diversos avisos sobre os "perigos" do Rio de Janeiro. A indicação era não andar de metrô, não comer ou ir na praia...um cenário que ele concluiu ser exagerado assim que pisou nos 32ºC da manhã do verão carioca.
Depois de um breve relato sobre a ida a uma casa de prostituição, ciceroneada por um brasileiro chamado Pablo, Mitten conta das experiências em campo. Lembrando do calor, diz que a equipe já surpreendeu negativamente ao empatar com o Necaxa. Depois, recorda do temor por encarar Romário, "que havia acabado com o United em 1994, pelo Barcelona", e Edmundo.
O péssimo desempenho dos ingleses divide as palavras com a cantoria da torcida vascaína, "abafando totalmente os ingleses", lembrando dos dois erros de Gary Neville em saídas de bola, que causaram gols do Vasco. "Obrigado, Gary Neville", dizia a manchete de um jornal descrita por Mitten. "Como você está, Gaz? Fiasco da Gama", brincou o volante Paul Scholes com o companheiro ao ver a chamada.
Com a participação do United já encerrada, a não ser por um jogo nada importante contra o South Melbourne-AUS, Mitten explica que ainda tinha duas semanas no Rio de Janeiro. No período, conheceu alguns torcedores do Flamengo, que explicaram a torcida contra os vascaínos para evitar que outro carioca fosse campeão mundial, e lamentou que os ingleses tenham deixado uma imagem ruim dentro e fora de campo, pouco envolvidos com o cotidiano carioca.
O autor termina o texto lembrando da sua ida à decisão do torneio, cita o grito de "Todo Poderoso Timão" entoado pelos corintianos. "Conseguimos os ingressos e experimentamos mais uma vez quão barulhenta pode ser uma torcida".
Infiltrado na torcida corintiana, lembra de uma bandeira com uma "águia gigante", provável referência aos Gaviões da Fiel, gritos de rivalidade São Paulo x Rio e uma celebração a Ayrton Senna.
"Foi uma das melhores atmosferas que eu acompanhei em um jogo de futebol em toda a minha vida", crava Mitten, que registra o título corintiano e o seu retorno à Inglaterra, lembrando que o United estava lá devido ao histórico título conquistado contra o Bayern, na Liga dos Campeões de 1999, com dois gols nos acréscimos. "Ganhamos uma ida ao Rio como bônus daquela vitória, nada mal", termina.