Xodó de Jorge Jesus, Vinicius Souza fez parte do elenco multicampeão do Flamengo que faturou o Campeonato Brasileiro e a Copa Libertadores da América entre e outras taças. Aos 21 anos e com pouco mais de uma temporada no profissional, o cria do Ninho do Urubu deixou o clube rumo à Europa e agora defende o Lommel SK, equipe que faz parte do Grupo City e atualmente disputa a segunda divisão da Bélgica.
Em entrevista exclusiva à 'Goal', o meio-campista falou sobre o ano mágico de 2019, revelou algumas curiosidades sobre o elenco campeão e projetou os próximos passos na carreira.
Como foi essa decisão de deixar o Flamengo? Foi difícil?
A gente sempre quer jogar, mas não teve motivo para sair do Flamengo. Na verdade foi uma conversa entre a minha família, meus empresários e o próprio Flamengo. Vimos que era algo bom para os dois. Então, como já disse outras vezes, sou muito grato ao Flamengo por tudo, mas a vida que segue. É trabalhar muito aqui e que um dia eu possa voltar ao Flamengo.
Como está sendo a sua adaptação na Bélgica? As primeiras semanas...
Está sendo uma adaptação boa. Infelizmente o vírus está subindo aqui, temos que ficar um pouco mais em casa, mas os treinos não pararam, ainda bem. Agora é torcer para que diminua os casos e volte ao normal aqui. Quando eu cheguei aqui, o Caio Roque, ele já estava aqui, já conhecia todos e foi tranquilo. Eu cheguei meio pertido e o Caio foi me dando os caminhos".
Imagino que você tenha assistido o jogo entre Palmeiras e Flamengo, que a garatoda do sub-20 teve que entrar em campo...
Desde que eu saí do Flamengo eu não perdi nenhum jogo, é o meu clube do coração. Sempre que precisar da base a torcida pode ficar tranquila porque os garotos sempre vão dar conta. Eu falei com Matheuzinho, Natan, Otávio.. consegui falar numa chamada de vídeo rápida. Eu fiquei muito feliz por todos. Sabia que a hora deles ia chegar e eles estavam prontos.
Jorge Jesus sempre te elogiou bastante, sempre falou muito de você nas coletivas, dizendo que você tinha um grande futuro pela frente. Como era sua relação com o Mister?
Quando eu cheguei, ele já estava lá no profissional. Eu me adaptei muito bem ao trabalho do Mister, com a ajuda do Arão, do Piris. Eles me ajudavam muito, porque não é fácil aprender o estilo de jogo do Mister, mas assim que eu peguei, eu consegui dar ritmo nos treinos, então foi uma ano muito gratificante para mim.
Você disse que não é fácil pegar o estilo do Mister, como era trabalhar com ele?
É bem diferente, com todo respeito aos outros treinadores, ainda mais para mim que sou um garoto. Eu nunca tinha vivenciado um trabalho desse. Todo tempo você tem que estar pensando, com a bola, sem a bola, você tem que estar ligado. Com a bola você joga de uma maneira, sem a bola você joga de outra. Foi totalmente diferente de tudo o que eu já tinha vivido. Foi uma experiencia muito boa para mim".
Você chegou a pegar um pouco do Domènec, como foi essa transição?
Foi bem tranquilo. A maioria dos jogadores já tinham passado pela Europa, sabem como é. O Dome tem um trabalho espetacular em treino e todos se adaptaram rápido. Foi uma adaptação tranquila".
Você acredite que ter sido treinador pelo Jorge Jesus, ter convivido um pouco com o Domènec pode te ajudar nesse seu início na Europa?
Me ajudou muito (desde que chegou). Eu já venho com o mesmo pensamento que daqui. Os trabalhos não são muito diferentes. Eu sinto a diferença só nos jogos porque aqui é mais dinânmico, mas nos treinamentos no Flamengo já era bem forte. Cheguei aqui e o nível de intensidade nos treinos era o mesmo. O que muda mesmo é o jogo, aqui é bem mais intenso, tem que pensar mais rápido do que no Brasil.
Você sempre ressalta ser torcedor, imagino como tenha sido para você viver a conquista da Libertadores de dentro do campo praticamente...
Foi um momento único, eu vou poder contar para os meus filhos, netos. Eu sou Flamengo e muito tempo não vinha um título assim de expressão e veio do jeito que veio, com vitórias, jogos importantes, goleada. Foi um ano gratificante. No primeiro gol (contra o River), eu lembro que a gente correu para a torcida, a gente estava ali no banco, no aquecimento e corremos para a torcida. No segundo, a gente ainda estava comemorando e saiu o outro gol. Eu nem lembro como a gente comemorou. Muita gente me pergunta isso, eu não lembro como foi a comemoração do segundo gol. Não tem alegria maior, ser torcedor, jogar pelo clube, comemorar um título de Libertadores, eu sempre disse que era meu sonho.
Além da Libertadores, veio também o Brasileiro em menos de 24 horas.
Eu também nunca tinha visto isso. A gente estava comemorando dentro do Uber, indo para casa.Estávamos no Centro da Cidade, na comemoração. Saímos do trio e pegamos o Uber para ir para casa, Gerson, Thuler, Reinier e eu, porque a gente mora próximo um do outro, e comemoramos o título brasileiro ouvindo no rádio. Foi uma comemoração diferente.
Quem são suas inspirações no futebol? Que você se inspira para trilhar também uma carreira de sucesso?
Na minha posição eu gosto muito do Busquets do Barcelona. Se eu conquistar metade dos títulos dele está bom. No geral, o Diego. É um cara que todos podem se inspirar como atleta, como pessoa, como pai de família. É uma pessoa que me inspiro. Diego é um líder, não só pelos títulos. Nos momentos mais dificies ele te abraça e nos tranquilos também, está do seu lado. Ele passou por momentos ruins, ele foi muito líder e por isso creio que todos têm essa admiração por tudo o que ele conquistou. Eu subi vendo o Diego, trabalhei do lado dele e virou muito mais ídolo do que já era.
Foram vários títulos no Flamengo, mas o que você projeta agora para a sua carreira?
A minha ideia é ficar na Europa, conquistar títulos porque eu venho de uma instituição que é o Flamengo, de querer sempre títulos. Quero ficar um bom período aqui na Europa e um dia voltar para o Flamengo