Um jovem de cabeça raspada e veloz toma o mundo de assalto em uma Copa. A frase hoje define Kylian Mbappé, mas 20 anos atrás era a mesma usada para definir outro jogador: Ronaldo Nazário de Lima. As comparações entre o francês e o brasileiro são constantes, e não é por acaso. São duas décadas de diferença da estreia como titular da dupla em um Mundial, mas números muito semelhantes.
Foram quatro gols do Fenômeno nos gramados franceses em 1998, quando tinha apenas 21 anos. Já a flecha francesa, 19 anos, balançou as redes três vezes na Rússia. Ambos ficaram conhecidos pela velocidade e por serem o pilar central de equipes finalistas da Copa.
Não são apenas nos números que as campanham se assemelham. Ambos marcaram pela primeira vez na principal competição do futebol mundial na segunda rodada. Ronaldo abriu o placar na vitória por 3 a 0 da Seleção diante do Marrocos, enquanto foi de Mbappé o gol da vitória francesa diante do Peru.
A dupla também o seu melhor desempenho na oitava de final. O Fenômeno destruiu a defesa chilena com dois tentos e um pênalti sofrido (convertido por ele mesmo) na vitória brasileira por 4 a 1. Mbappé, por sua vez, causou pesadelos nos zagueiros argentinos ao sofrer um pênalti (que resultou no gol de Griezmann) e fazer dois gols no 4 a 3 para a França. Ambos definiram as partidas com uma arrancada em velocidade pelo lado direito.
A diferença, por enquanto, está na semifinal. O artilheiro brasileiro deixou o seu no jogo diante da Holanda vinte anos atrás (empate por 1 a 2 e classificação brasileira nos pênaltis). Já o camisa 10 francês passou em branco na vitória por 1 a 0 contra a Bélgica na última terça (10), apesar de ter sido importante na criação de jogadas para os Bleus na partida.
Apesar da proximidade de idade entre Ronaldo-98 e Mbappé-18, as copas de ambos foram disputadas em estagios completamente diferentes da carreira. O Fenômeno chegou na França com dois títulos de melhor do Mundo, uma Copa (como reserva) e 40 jogos pela Seleção. O francês está em seu primeiro Mundial e desembarcou na Rússia com apenas 15 partidas pela equipe nacional.
Mbappé, que não era nem nascido quando Ronaldo encantou o mundo em sua terra natal, pode dar mais um passo para igualar o ídolo no próximo domingo (15). Se ele marcar na decisão, pelo menos igualará a marca de Ronaldo em 98.
Só há um detalhe caso a marca seja alcançada. O camisa 9 brasileiro sofreu uma convulção horas antes da final e teve uma partida ruim no jogo que marcou o vice brasileiro. O francês pode virar o segundo camisa 10 francês campeão do mundo. O primeiro, Zidane, sagrou-se como ídolo dos Bleus exatamente naquela decisão diante de Ronaldo.