É noite de quarta-feira. Está em curso a 15ª rodada do Brasileirão 2017. Enquanto o Flamengo do Zé Ricardo está sendo derrotado por 2-1 para o Palmeiras, no RJ, em Campinas o técnico Pachequinho é demitido após ser goleado pela Ponte Preta. Em Minas Gerais, o Atlético novamente vai tropeçando e deixando Roger em perigo. O três times têm em comum os chamados treinadores da nova geração, que carregavam a esperança da renovação do tão desatualizado cargo no Brasil. Mas será mesmo que há uma renovação?
Não é de hoje que o futebol brasileiro está no fundo do poço quando o assunto é trabalho tático. Mas há alguns anos novos nomes surgiram, como Roger, Fernando Diniz, Jorginho, Zé Ricardo, Rogério Ceni, Antônio Carlos Zago... Cobrados em dobro, quase sempre perdem o apoio popular com algumas derrotas e são substituídos por medalhões que não conseguem apresentar novidades e ainda saem dos clubes com multas que limpam os cofres dos clubes.
Porém, será que há realmente novidades? Na falta de criação e repertório, é bola na área e cruzamentos sem fins. Quando falamos de atividade defensiva, piora a situação. O que vemos são times jogando futebol paupérrimos, sem nenhuma inovação, uma organização questionável e equipes que quando tem a bola não sabem o que fazer com ela. É uma nova geração que se esconde por trás deste rótulo.
E quem mais representa isso é o Flamengo do Zé Ricardo. Elenco recheado de estrelas mas que vive de um repertório exageradamente igual, sem nenhuma tentativa do diferente e sempre os mesmos jogadores se revezando entre titulares e/ou substituições. Quando tem a posse de bola, marasmo, pragmatismo, para lá e para cá... nenhuma solução diferente, nenhuma novidade tática. "Eu vejo o futuro repetir o passado", diria Cazuza.
Por trás de uma geração, que tenta seu espaço apenas reciclando o velho futebol praticado pelos já superados treinadores que vivem de passado, há um problema bem mais grave: a formação de técnicos. Não há uma preparação séria, baseada em anos de trabalhos e estudos, começando desde as categorias de base até ascender ao time principal. Não há discussão de ideias. Não há fomento às novas soluções táticas. Não há novidades.
Flamengo hoje representa bem o que é o futebol do Brasil atual: agarrado às muletas dos discursos do novo mas que não apresenta as inovações. E a culpa não é do Zé Ricardo, é de todos. Principalmente da imprensa e torcida, que se acostumou com o nível do esporte bretão brasileiro. Para onde estamos indo?
Texto por Bruno Guedes.