Próximos geograficamente, e com uma relevante lista de eventos históricos, Portugal e Marrocos também compartilham uma grande coincidência quando o assunto é Copa do Mundo.
Tanto um quanto o outro tiveram suas melhores campanhas sob o comando de treinadores brasileiros.
A história de Otto Glória, técnico com passagem marcante pelo Vasco no Brasil, é mais conhecida: em 1966, sob o seu comando e com Eusébio em fase espetacular, Portugal chegou na terceira posição, sendo eliminado apenas pela futura campeã (e país-sede) Inglaterra.
Já o feito de Marrocos é até mesmo mais surpreendente. Afinal de contas, em 1986 os 'Leões do Atlas' se classificaram em um grupo que tinha Polônia, Inglaterra... e Portugal, contra quem os marroquinos conquistaram a vitória por 3 a 1 que levou, pela primeira vez, uma seleção africana para as oitavas de final.
Aquela equipe era treinada por José Faria, carioca que teve uma breve carreira como jogador de Bonsucesso, Bangu e Fluminense. Após se aposentar com apenas 27 anos, trabalhou na base do Tricolor das Laranjeiras antes de aceitar o desafio de exercer a profissão no Qatar. Depois foi para o Marrocos, onde conquistou títulos com o FAR Rabat antes de assumir a seleção em 1983.
Ao contrário de Inglaterra e Portugal, Marrocos tinha um grupo de jogadores desconhecidos. Mas o time surpreendeu ao segurar o empate sem gols contra ingleses e poloneses. E o jogo histórico foi justamente contra os lusos, que mesmo vivendo crise interna chegaram naquela última rodada dependendo de si para avançar. Os gols de Abderrazad Khairi (2x) e Krimau destroçaram o sonho dos portugueses, que descontaram com Diamantino. Com o resultado, a equipe africana avançou para o mata-mata.
A prova da competitividade da equipe de José Faria foi provada exatamente nas oitavas de final, com a futura vice-campeã Alemanha garantindo o único gol do embate nos últimos minutos, graças a Lothar Matthaus.
Os africanos venderam caro o resultado para a Alemanha, em 1986
O Marrocos de 2018 tem como grande característica o elenco globalizado, com jogadores nascidos em outros lugares. José Faria foi um pioneiro também nisso. Ainda que não tenha origens marroquinas, adotou o país como seu e converteu-se ao islamismo.
Muitas homenagens após a morte de José Faria, em 2013
Até o final de sua vida, em 2013, foi tratado como herói nacional e recebeu gigantes homenagens em seu funeral, três dias após ser ovacionado em amistoso contra a equipe de veteranos do Real Madrid, no qual recebeu um respeitoso abraço de Fernando Hierro.