A frustrante participação do Palmeiras no Mundial de Clubes é o resumo quase perfeito de como o brasileiro em geral, seja torcedor ou jornalista, enxerga o futebol: com soberba e sadismo.
Antes mesmo de a bola rolar no Qatar, a equipe de Abel Ferreira, com um calendário atípico e em processo de queda de rendimento, tinha a “obrigação” de chegar à final para enfrentar o já “garantido” Bayern de Munique.
Investimento pesado da Cemex (terceira maior produtora de cimento do mundo), orçamento de R$ 270 milhões por temporada e anos de trabalho de Tuca Ferretti não foram suficientes para o Tigres ser encarado com a seriedade.
Dos onze jogadores que iniciaram a partida na semifinal, apenas um não defendeu a própria seleção: curiosamente, o brasileiro Rafael Carioca. Isso sem falar na experiente média de idade do time mexicano: 30 anos (contra 26 do adversário alviverde).
Na prática, Weverton salvou o Palmeiras de uma derrota pior. Na teoria, não. O 1-0, com um gol solitário de pênalti do francês Gignac, foi vendido com enorme facilidade como um resultado estrondoso.
Mas o pior e mais preocupante ainda estava por vir. Novamente com o rei na barriga, criticamos, e com razão, a necessidade de disputar o terceiro lugar. “É como dançar com a irmã” e “Não serve para nada”, muitos disseram.
Um previsível duelo sem graça com o Al Ahly acabou nos pênaltis. Felipe Melo errou a última cobrança, os egípcios comemoram – e muito – o triunfo e a esmagadora maioria do Brasil passou a ver o tropeço como um vexame histórico. Criou-se e riu-se das próprias expectativas.
Numa análise simplista e de boteco, o Palmeiras não tem título e nem sequer um gol mundial. Totalmente válida, aliás. A essência do futebol está na forma como o torcedor enxerga no dia a dia o rival.
Já com um olhar crítico e profissional, Abel Ferreira e companhia, que fizeram por merecer as esperanças elevadas, acabaram por decepcionar. Repetiram em dois jogos as mesmas falhas da final da Libertadores contra o Santos, mas, desta vez, não tiveram um herói improvável para garantir o sucesso.