Já faz pouco mais de um mês que a Seleção Brasileira foi eliminada da Copa do Mundo disputada na Rússia, mas Tite ainda não esqueceu da derrota para a Bélgica.
Em entrevista coletiva nesta sexta-feira (17), após anunciar a primeira convocação pós-Copa e do ciclo para o Mundial de 2022, que será disputado no Catar, com algumas esperadas novidades, o treinador revelou que ainda sofre com a eliminação para os Red Devils e se pega lembrando dos lances capitais daquele jogo e imaginando como seria se a história fosse diferente.
Isso é totalmente natural e Tite provavelmente nunca vai se esquecer disso. Assim como as glórias, as derrotas também são inesquecíveis e nem mesmo as vitórias que acontecem depois as apagam. Um eventual hexa, por exemplo, não vai apagar o 7 a 1, assim como nenhum dos cinco títulos mundiais apagou a decepção de 1950. Nem mesmo todo o reconhecimento e as tentativas de fazer justiça diminuíram a injustiça cometida com Barbosa.
No entanto, a dor e o sofrimento podem servir de combustível para Tite fazer ainda mais e melhor neste ciclo.
O treinador tem o desafio de protagonizar um trabalho ainda melhor e corrigir os erros cometidos na Copa, dando a resposta para as críticas que sofreu, especialmente pela insistência em alguns equívocos como manter Gabriel Jesus no time titular e não escalar Firmino no onze inicial.
Além disso, precisa fazer uma renovação com calma, mantendo a base de 2018, com alguns jogadores que têm qualidade, idade e experiência para seguir - e precisam seguir - na Seleção no ciclo para 2022, mas mesclando estes atletas (Neymar, Coutinho, Jesus, Alisson e alguns outros, por exemplo) com os jovens que já estão surgindo bem e arrebentando em seus clubes. Ele já começou esse processo aproveitando os amistosos contra Estados Unidos e El Salvador para fazer testes, mas sabe que será um processo mais cauteloso e não fará tantas modificações nos jogos mais pesados.
Tite também sabe que precisa conquistar a Copa América do ano que vem em casa, e caso não conquiste o título, vai conviver com uma enorme pressão que pode até mesmo afetar sua continuidade no comando da Seleção.
O treinador tem todas essas missões, e após a decepção na Rússia, certamente tem ainda mais vontade em ter sucesso e não viver uma derrota novamente. O sofrimento que ele ainda vive vai servir de motivação para conquistar vitórias e não sofrer outra vez.
Neymar
Durante a entrevista coletiva, Tite também defendeu Neymar das críticas que o camisa 10 da Seleção e do PSG tem sofrido. O fato é óbvio e esperado. Dificilmente o treinador vai criticar sua maior estrela e o craque do time publicamente, e as informações são de que realmente, o relacionamento entre o técnico e o atacante é muito bom, assim como publicamente isso sempre pareceu ser claro.
É verdade que Neymar se colocou à disposição da Seleção e acelerou sua recuperação ao máximo para disputar a Copa e, nitidamente, não estava nas melhores condições no início do Mundial. Tite foi bem ao ressaltar isso e tem razão em defender Ney neste sentido. No entanto, o treinador precisa parar de passar a mão na cabeça do craque.
Se por um lado Tite está certo, por outro, Neymar fez uma Copa decepcionante e saiu da Rússia menor do que chegou. Não à toa, não está na disputa pelo posto de melhor jogador do mundo em 2018. O craque decepcionou no PSG quando mais se esperava, no embate com o Real Madrid na Champions League, indo bem somente na obrigatória Ligue 1, torneio de nível técnico e tático baixo e muito inferior ao seu, que seu clube tem a obrigação de vencer tamanha diferença para os adversários.
Já na Copa, ficou marcado pelas polêmicas e não teve grandes atuações. As atitudes e o discurso de Neymar, inclusive em um comercial ridículo, no qual lucrou com a sua dor, merecem críticas, assim como seu desempenho nos grandes momentos da última temporada. O camisa 10 não é nenhum garoto. Já é pai, tem 26 anos e é experiente. Ele não é um menino. Tite precisa parar de passar a mão na cabeça do atacante.