Logo depois da derrota do Palmeiras para a Chapecoense, o goleiro Fernando Prass foi perguntado sobre a possível saída do técnico Cuca. Jogadores não costumam responder sobre isso, dizem que é um assunto da diretoria. Mas Prass é diferenciado, deu uma opinião e concordo muito com ele.
"Eu sou totalmente contra as mudanças. Acho que se tivéssemos mantido o comando do ano passado pra cá, teríamos, hipoteticamente, uma boa continuidade. Seria mais de um ano de trabalho. As mudanças sempre são ruins no futebol (...). E não pode colocar a culpa em uma pessoa, seria uma análise muito rasa", declarou Prass.
A análise dele é perfeita, pois a troca de técnico atrapalhou o Palmeiras no início do ano. Prass sabe disso. Cuca quis sair e houve um erro da diretoria na escolha do substituto. Eduardo Baptista tinha um estilo de jogo muito diferente e não teve pulso suficiente para implementar as mudanças rapidamente.
Quando Cuca voltou, o Palmeiras teve que passar por mais uma readaptação. O time não era aquele que tinha terminado o ano de 2016 e nem estava treinando e jogando da mesma forma. Não houve tempo necessário para essa nova mudança funcionar e vieram as eliminações na Copa do Brasil e na Copa Libertadores, além do 1º turno instável no Campeonato Brasileiro.
Então Prass e todo palmeirense precisa entender a lição: continuidade é fundamental para qualquer time. Se não é possível manter um mesmo treinador, que seja repetida a mesma filosofia e estilo de jogo. O Palmeiras pode se espelhar no Corinthians, por exemplo: o sucesso do time nos últimos anos acontece porque a equipe sempre manteve técnicos de um estilo parecido, como Tite, Mano Menezes e agora Fábio Carille. Quando tentou mudar demais, com Cristóvão Borges em 2016, fracassou.
Mas há um problema para defender essa continuidade no Palmeiras: o trabalho de Cuca merece muitas críticas. É praticamente impossível defender o trabalho dele. O time não faz bons jogos e sequer mostra sinais de evolução. Após uma semana de trabalho livre, o time jogou muito mal na derrota para Chapecoense. A impressão é que o time treina mal. E em quase todas partidas ficam evidentes erros de escalação ou substituição. Pior: Cuca ainda tem dito que já fez tudo que pode e que não errou. É o pior discusso possível em um momento como esse.
Por tudo isso é natural que a diretoria comece a cogitar a demissão de Cuca. Até porque a pressão é enorme: o repórter Jorge Nicola revelou, nesta segunda-feira (21), que o diretor de futebol Alexandre Mattos chegou a receber ameaça de morte por causa do mal futebol apresentado pelo time. Uma possível derrota para o São Paulo no próximo domingo (27) tornará essa pressão insuportável.
Mas se for demitir Cuca, é importante que o Palmeiras tenha um planejamento bem traçado. É fundamental que o time saiba qual será o perfil de técnico buscado. Se for romper com o estilo de jogo de Cuca, é preciso dar tempo ao substituto. Se for manter a mesma filosofia, é preciso fazer uma escolha criteriosa. Como alertou Fernando Prass, é muito difícil fazer com que uma mudança no meio do campeonato dê certo.